República Checa e Polónia reintroduzem controlos de fronteiras com a Eslováquia

Medida vigora durante dez dias e segue-se a anúncio semelhante da Alemanha na semana passada.

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O ministro do Interior da Polónia, Mariusz Kaminski Leszek Szymanski/EPA

A República Checa e a Polónia anunciaram esta terça-feira que estão a levar a cabo acção coordenada para introduzir controlos nas suas fronteiras com a Eslováquia, dizendo que queriam dificultar a imigração ilegal e o contrabando.

“Haverá controlos aleatórios em vários locais ao longo de toda a fronteira com a Eslováquia, de modo a afectar o mínimo possível o tráfego e a passagem de passageiros”, disse o ministro do Interior da República Checa, Vit Rakusan, na rede social X (antigo Twitter). A medida irá durar dez dias.

A Eslováquia tem registado um aumento de imigração irregular de pessoas que, de seguida, seguem para a Alemanha e para a Europa Ocidental. São sobretudo homens do Médio Oriente e do Afeganistão que usam a chamada rota dos Balcãs, através da Sérvia e depois da Hungria.

O antigo primeiro-ministro Robert Fico, cujo partido venceu as eleições no fim-de-semana na Eslováquia, afirmou durante a campanha que controlar a fronteira com a Hungria seria uma prioridade.

O ministro do Interior da Polónia, Mariusz Kaminski, disse que informou os seus homólogos da Alemanha, Eslováquia, Áustria e República Checa, assim como a Comissão Europeia, sobre estes controlos, argumentando que o motivo tinha sido a entrada de 551 pessoas de modo ilegal no país “nas últimas semanas”.

A Polónia tem eleições no dia 15 de Outubro e o partido no Governo tem feito da imigração um tema eleitoral.

Na semana passada, a Alemanha anunciou um reforço dos seus controlos fronteiriços com a Polónia e com a República Checa para combater a imigração ilegal, dizendo que o principal objectivo era exercer a máxima pressão na procura de traficantes de pessoas, segundo a ministra do Interior da Alemanha, Nancy Faeser.

Faeser é candidata pelo Partido Social-Democrata (SPD) às eleições no estado federado do Hesse, que decorrem no domingo.

O eurodeputado alemão Erik Marquardt, dos Verdes, critica os controlos: “Tirando as demoras, os controlos no espaço Schengen têm pouco impacto tangível: não é possível mandar refugiados para trás; a polícia pode, apenas, registar o pedido de asilo”, disse, citado pelo Euractiv.

A analista Blanca Garcés-Mascareñas, investigadora de migração no Barcelona Center for International Affairs (antes Centre d'Informació i Documentació Internacionals a Barcelona), comentou recentemente ao Yahoo que a migração é um problema “não por causa dos migrantes, mas das nossas respostas a eles, que põem em causa os princípios mais básicos da Europa”.

À rubrica Judy Asks, do centro Carnegie Europe, Garcés-Mascareñas detalhou que “a crise real pode ser esta: quando o medo que a Europa tem de uma vaga migratória a leva a aceitar o inaceitável, da normalização de estados de excepção à violação de direitos humanos”.