Benfica está em Milão sem voz. Mas contará com os “guitarristas”?

A conduta dos adeptos na última viagem europeia leva a que o jogo desta terça-feira, na Champions, decorra sem adeptos das “águias” nas bancadas.

Foto
Jogadores do Benfica num treino pré-Champions LUSA/ANTÓNIO PEDRO SANTOS
Ouça este artigo
00:00
03:36

Exclusivo Gostaria de Ouvir? Assine já

Nesta terça-feira, nas bancadas do Giuseppe Meazza, dificilmente serão ouvidos cânticos de apoio ao Benfica, no duelo (20h, TVI) frente ao Inter de Milão. E não haverá sequer uma zona com “mancha” vermelha. Sem a voz dos adeptos “encarnados”, impedidos por um castigo da UEFA de entrarem no recinto desportivo, o Benfica terá de “tocar” apenas com “guitarristas” – e tem pelo menos um par deles.

É que o desafio frente ao Inter traz uma questão bastante relevante para o presente e futuro desta equipa: David Neres e Di María podem jogar juntos?

A resposta mais evidente a esta questão é que sim, até porque na sexta-feira estiveram surpreendentemente no “onze” que defrontou o FC Porto.

Frente aos “dragões”, Roger Schmidt deixou de lado a carta do equilíbrio que sempre tirou da algibeira quando falava do brasileiro e do argentino, criativos de predicados ofensivos únicos, mas pouco capazes de oferecerem equilíbrio à equipa no momento sem bola.

O primeiro problema – e está por provar que o seja – é que o FC Porto jogou reduzido a dez desde cedo, não permitindo aferir qual seria o comportamento defensivo do Benfica com Neres, Rafa e Di María frente a um adversário forte.

O segundo problema – também por provar que o seja – é que Neres voltou a ser, talvez a par de João Neves, o melhor jogador do Benfica.

Há quem diga que a aposta em Neres e Di María se deveu à impossibilidade de “sentar” o brasileiro depois de ser o melhor frente ao Portimonense. Por maioria de razão, como se senta agora, frente ao Inter, depois de ser o melhor frente e Portimonense e FC Porto?

A solução de ter Rafa como ponta-de-lança, permitindo manter Neres e Di María e adicionar um médio mais cerebral e voluntarioso, seria uma solução a curto prazo para a gestão de egos, mas não é certo que Schmidt esteja disposto a abdicar de um avançado mais clássico para fixar pelo menos um dos três centrais adversários.

Inter sem Dzeko e Lukaku

Comparando o Inter de 2022/23, que eliminou o Benfica, e o de 2023/24, que vai agora enfrentar os “encarnados”, não é fácil identificar grandes diferenças. O próprio Roger Schmidt disse-o na antevisão da partida: “É uma equipa que sabe atacar se tem de atacar e defender se tem de defender. Não é como se tivesse só uma forma de jogar, porque são muito completos. E penso que jogam de forma similar [a 2022/23], dependendo muito dos alas Dimarco e Dumfries. Defendem com muita gente e cruzam bastante”.

Uma comparação de tendências estatísticas permite ver, ainda assim, algumas diferenças. É certo que os valores de bolas recuperadas no último terço, posse de bola, remates e ocasiões de golo se mantêm semelhantes. Mas há uma diferença no tempo passado no último terço do campo, que é, nesta temporada, bastante superior.

Este detalhe pode ser consequência da saída de jogadores como Lukaku e Dzeko, que eram âncoras de jogo directo – o Inter explorava-os com passes longos, pedindo-lhes que segurassem a bola em apoios frontais, à espera da aproximação dos médios e dos alas.

Sem os dois “gigantes”, o Inter joga, agora, com um atacante mais móvel e menos físico, Lautaro Martínez, e isso tem obrigado a equipa a ter uma presença mais considerável e mais rápida no útimo terço, sob pena de não existir ligação com o argentino.

Será esta a diferença mais significativa, mas de resto será uma equipa semelhante, como disse Schmidt, sobretudo na predisposição para estar longos períodos sem bola – uma viagem pelos jogos do Inter nesta temporada permite ver até que em duelos mais exigentes (Fiorentina, Milan e Real Sociedad) acabou por ser, em todos eles, uma equipa pouco dominadora, mesmo quando venceu e goleou.

Sugerir correcção
Ler 1 comentários