Isabela Figueiredo é a convidada do Encontro de Leituras de Outubro

Um Cão no Meio do Caminho estará em discussão no clube de leitura do PÚBLICO e da Folha de S. Paulo no dia 10 de Outubro, às 22h em Lisboa (18h em Brasília), no Zoom.

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Isabela Figueiredo estará à conversa com os seus leitores no Zoom Nuno Ferreira Santos
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“Trabalhei muito para apagar o eu. Não queria ficar conotada com a autobiografia, estar sempre a escrever sobre mim”, disse a escritora portuguesa Isabela Figueiredo ao Ípsilon quando publicou Um Cão no Meio do Caminho. Os seus livros anteriores, Caderno de Memórias Coloniais (ed. Angelus Novus) e A Gorda (Editorial Caminho), enquadram-se na auto-ficção.

Este romance sobre a solidão na nossa sociedade de consumo vai ser discutido no próximo Encontro de Leituras, o clube de leitura do PÚBLICO e do jornal brasileiro Folha de S. Paulo, na próxima terça-feira, 10 de Outubro, às 22h em Lisboa (18h em Brasília). A sessão que terá Isabela Figueiredo como convidada acontece no Zoom, como habitualmente, aberta a todos os que queiram participar. A ID é a 820 7497 2849 e a senha de acesso 538972. Aqui fica o link.

Publicado em Portugal em Novembro de 2022 pela Editorial Caminho, a obra saiu no Brasil em Agosto deste ano, editado pela Todavia. Um Cão no Meio do Caminho tem como protagonista José Viriato, que se recusa a comer carne, vive com os seus cães num bairro da Margem Sul e, por opção, anda à procura de objectos pelos caixotes de lixo espalhados pela cidade para depois os vender na Feira da Ladra.

“Eu não sou o homem que vai ao lixo. Sou aquele que nasceu. Aquele que é, que está. É o que tenho procurado ser: o homem que nasci. Não quis ser um grande cientista nem um grande compositor ou intérprete nem o melhor cozinheiro das estrelas Michelin. (…) Tal como os meus cães, quero comer, dormir e comer. Não me ponham coleira nem trela. Quero andar à solta.”

Este personagem masculino tem como contraponto na narrativa a sua vizinha, Beatriz, a quem no café colocaram a alcunha de A Matadora, uma acumuladora, que também vive sozinha e um dia lhe pede ajuda por estar doente. A fotógrafa Vivian Maier serviu de inspiração para esta personagem destruída por um grande amor do passado. Com as memórias dos dois vizinhos percorremos vários períodos da história do século XX português. “Uma história — a um só tempo melancólica e bem-humorada — de como nasce uma amizade a partir da solidão profunda numa sociedade que se habituou a desperdiçar tudo, inclusive os afectos”, como descreve a sua editora brasileira.

“Quero falar sobre as pessoas que estão à margem da sociedade tal como quis falar dos negros mal tratados pelo meu pai, tal como quis falar das pessoas gordas que não têm direito ao amor, a ser olhadas, que são rejeitadas. Continuo a fazer exactamente a mesma coisa, a olhar para aqueles que estão de fora. São esses que me interessam”, frisava na citada entrevista ao Ípsilon a escritora que nasceu em 1963 em Lourenço Marques (hoje Maputo), Moçambique. Isabela Figueiredo vive em Portugal desde os 12 anos, foi jornalista do Diário de Notícias (1989- 1994) e professora de Português do ensino secundário. Actualmente vive da sua escrita.

Há já mais de dois anos que o Encontro de Leituras junta uma vez por mês leitores de língua portuguesa e discute romances, ensaios, memórias, literatura de viagem e obras de jornalismo literário na presença de um escritor ou especialista convidado. É moderado pela jornalista Isabel Coutinho, responsável pelo site do PÚBLICO dedicado aos livros, o Leituras, e pelo jornalista da Folha de S. Paulo Eduardo Sombini, apresentador do Ilustríssima Conversa, podcast de livros de não-ficção do jornal brasileiro.

Os melhores momentos de cada sessão podem ser ouvidos no podcast Encontro de Leituras.

Já participaram do Encontro de Leituras os escritores Aline Bei, Ruy Castro, Miguel Sousa Tavares, Matilde Campilho, Simone Duarte, Rafael Gallo, Geovani Martins, João Paulo Borges Coelho, Francisco José Viegas, Pilar del Río, Luís Cardoso, Rui Tavares, Andréa del Fuego, Dulce Maria Cardoso, Julián Fuks, Yara Nakahanda Monteiro, Paulo Scott, Benjamin Moser (o biógrafo de Susan Sontag), Fernanda Miranda e Tom Farias (especialistas na obra de Carolina Maria de Jesus), Ana Luísa Amaral, Giovana Madalosso, Paulina Chiziane, José Eduardo Agualusa, Tatiana Salem Levy, Afonso Cruz, Laurentino Gomes, Fernanda Torres, Afonso Reis Cabral, Jeferson Tenório, Marília Garcia, José Luís Peixoto, Nádia Battella Gotlib (biógrafa de Clarice Lispector), Valter Hugo Mãe e Ondjaki.

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