Urgências de obstetrícia e de pediatria mantêm fechos rotativos até Janeiro de 2024

Problemas concentram-se em Lisboa e Vale do Tejo e no Algarve. O que era para ser transitório passou a ser normal.

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Há dez maternidades no país com encerramentos rotativos agendados. Manuel Roberto
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A entrega de minutas de escusa para não fazer mais do que as 150 horas extraordinárias por ano agravou o já complexo plano de fechos rotativos das maternidades dos hospitais de Lisboa e Vale do Tejo (LVT). Na margem Sul do Tejo, só uma das três urgências de ginecologia e obstetrícia se vai manter sempre aberta neste Inverno, porque a do Barreiro vai fechar de segunda-feira a domingo, semana sim, semana não, alternando com a de Setúbal, que passa a encerrar também nos mesmos moldes. Como a maternidade do Garcia de Orta (Almada) - uma das maiores do país - fecha a partir de agora todos os fins-de-semana, na margem Sul haverá de Outubro a Janeiro apenas uma maternidade aberta aos fins-de-semana. Sete urgências de pediatria também fecham à noite ou têm constrangimentos.

De resto, em Lisboa e Vale do Tejo o mapa das maternidades e das urgências de pediatria continua a ser muito complicado de interpretar, pelo menos para um leigo. E já se tornou normal que algumas grávidas que não cuidem de ligar primeiro para o SNS24 (808 24 24 24) ou consultar o plano disponível no portal do Serviço Nacional de Saúde dêem com o nariz na porta e tenham que fazer alguns - nalguns casos muitos - quilómetros. E alguns pais com crianças doentes também. É o que se conclui da leitura dos novos planos para as urgências de ginecologia-obstetrícia e blocos de partos (vulgo maternidades) e urgências de pediatria que esta segunda-feira foram divulgados pela Direcção Executiva no portal do SNS.

O plano das maternidades teve mesmo uma primeira e uma segunda versões publicadas sucessivamente no portal do SNS esta segunda-feira. E a segunda versão era pior do que a primeira - a maternidade de Setúbal, que antes fechava de quinta-feira a sábado, semana sim semana não, passou a fechar de segunda-feira a domingo, tal como a do Barreiro.

Em síntese, há dez urgências de ginecologia-obstetrícia no país com encerramentos rotativos agendados e continuam a figurar no mapa as maternidades dos três grandes hospitais públicos de Lisboa, que darão apoio em caso de necessidade.

Na pediatria, há duas urgências só abertas durante o dia e cinco com “constrangimentos”. Por definição, uma urgência é um serviço aberto 24 sobre 24 horas, recorde-se. Mas a falta de especialistas (ginecologistas-obstetras e pediatras) para completar escalas de urgência, que já era grave antes, ainda piorou nos últimos dias por causa do contágio do movimento que está a levar cada vez mais médicos a recusar-se a fazer mais do que as 150 horas extraordinárias anuais a que estão obrigados.

Há apenas uma boa notícia - a urgência de pediatria de Loures vai abrir de dia à sexta-feira.

Já no Algarve só está garantido o funcionamento de uma das duas urgências de ginecologia-obstetrícia e também de pediatria (Faro e Portimão), mas não se esclarece qual será, afinal, o horário destes serviços.

Os problemas circunscrevem-se à região de LVT e ao Algarve. No Norte, Centro e Alentejo todas as urgências de ginecologia-obstetrícia se mantêm em funcionamento pleno, à excepção da de Leiria (Centro), que a partir de Novembro vai encerrar alguns dias também, depois de terminarem as obras na das Caldas da Rainha e esta reabrir.

Com os hospitais de LVT e Algarve com cada vez mais dificuldades para conseguir completar escalas, a Direcção Executiva do SNS não teve outra hipótese se não a de prolongar até Janeiro próximo estes mapas tingidos de vermelho (encerramentos rotativos e desvio para outros hospitais pelo Centro de Orientação Urgente de Doentes, CODU). Esta estratégia, anunciada como transitória no final do ano passado para fazer face à falta de médicos especialistas, vai assim prolongar-se por mais de um ano.

Os mapas podem ser consultados no portal do SNS. Este é o das urgências de ginecologia e obstetrícia. Os pais e as grávidas devem ligar, primeiro, para o SNS24, ou consultar os planos no portal do SNS para não andarem perdidos entre urgências. Em caso de emergência devem ligar para o 112.

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