Mulher cheia de pó

Aqui estamos nós, mulheres repletas de Deus, a lutar pela espessura, pela profundidade, porque esse é o melhor lugar para acender a luz de uma ideia.

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Sentia-se desarrumada, um armário numa cave para onde tinham atirado coisas, objectos sem uso, velhos, inúteis, obsoletos e gastos. Sim, era um armário desarrumado. Uma mulher cheia de pó. Sem préstimo, dizia a criada do advogado Morais à Celeste, não sou para nada, a minha cabeça é um amontoado, já não limpo, já não cozinho como dantes. Vou ao mercado, pego no peixe já amanhado e grelho-o ou cozo-o. Falta-me a mão para os guisados, antigamente não era assim, mas agora foi-se quase tudo.

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