Mais de 100 golfinhos encontrados mortos no Amazonas

Seca e altas temperaturas na origem da morte de milhares de peixes e mamíferos do Amazonas.

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Golfinhos apareceram mortos nos afluentes do Amazonas EPA/André Zumak/Instituto Mamirauá
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Boto cor-de-rosa é considerado uma espécie em perigo EPA/Miguel Monteiro / Instituto Mamirauá HANDOUT
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Especialistas estão a investigar as causas da morte de uma centena de golfinhos Reuters/BRUNO KELLY
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População de botos cor-de-rosa está a diminuir há vários anos EPA/Andre Coelho/Instituto Mamirauá
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Temperatura da água registada dez graus acima do habitual para esta altura do ano Reuters/BRUNO KELLY

Cerca de 120 golfinhos foram encontrados mortos num afluente do rio Amazonas, no Brasil, desde a semana passada. Investigadores apontam calor extremo e seca como culpados.

Na sequência da diminuição do caudal dos rios durante a grave seca na região da bacia amazónica, a subida da temperatura da água ter-se-á tornado insuportável para os mamíferos. É essa a causa de morte mais provável, concluíram os especialistas que estiveram esta segunda-feira no local a examinar os cadáveres. Recentemente, milhares de peixes morreram também nos afluentes do Amazonas devido à falta de oxigénio na água.

"Contámos 120 carcaças na última semana", afirmou Miriam Marmontel, investigadora do Instituto de Desenvolvimento Sustentável brasileiro Mamirauá, acrescentando que oito em cada dez eram botos cor-de-rosa.

O boto cor-de-rosa, o maior dos golfinhos de água doce, entrou em 2018 para a lista vermelha de espécies em perigo da União Internacional para a Conservação da Natureza, sendo também ameaçado pela actividade humana, como a pesca. E para agravar uma tendência já decrescente do número de indivíduos da espécie, reúne características que o deixam especialmente vulnerável, como a maturidade sexual tardia e os longos períodos de gestação, que podem chegar aos 11 meses.

Ainda que a seca e as altas temperaturas expliquem as dezenas de mortes numa semana, ainda não é possível descartar totalmente outras causas como uma infecção bacteriana com origem no lago Tefé, no Amazonas.

Seca matou milhares de peixes no Amazonas nas últimas semanas. Raphael Alves/Lusa
Centenas de milhares de pessoas estão a ser afectadas pela seca extrema na região da bacia amazónica. Bruno Kelly/Reuters
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Seca matou milhares de peixes no Amazonas nas últimas semanas. Raphael Alves/Lusa

Na última quinta-feira, quando a temperatura da água do lago atingiu os 39 graus Celsius, mais de dez graus acima dos valores habituais para esta altura do ano no Brasil, pelo menos 70 golfinhos apareceram mortos à superfície. Este domingo a temperatura subiu de novo, alcançando quase 38 graus.

Estima-se que estas mortes representem uma perda de um décimo da população de botos cor-de-rosa do lago Tefé. "É uma percentagem muito alta e se continuar a subir a sobrevivência da espécie no lago Tefé pode estar em risco", alertou a investigadora Miriam Marmontel.

Está em curso uma operação de retiradas dos golfinhos que sobreviveram do lago. Quanto à população residente na área, o instituto Mamirauá pediu que fosse evitado o uso recreativo ou consumo destas águas.

A Defesa Civil brasileira já avisou que a seca pode afectar até 500 mil pessoas na Amazónia, prevendo um agravar da situação em Outubro.