No Porto, oito mil pessoas exigiram o direito à habitação

De acordo com estimativas da PSP, foram cerca de oito mil as pessoas que encheram as ruas do centro do Porto em protesto contra o problema da habitação.

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A Rua de Santa Catarina encheu-se de manifestantes Rui Oliveira
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Rui Oliveira
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O alvoroço já se sentia na Praça da Batalha, no Porto, pelas 14h30: pintavam-se as últimas faixas, desenhavam-se os últimos cartazes e a amena conversa fluía entre os manifestantes. Mais perto da hora marcada — estava previsto que a manifestação começasse pelas 15 horas — já se ouvia o rufar de alguns tambores. A cada segundo juntavam-se mais pessoas à praça, que começava a ficar composta. Nem o calor que se fez sentir durante a tarde demoveu os manifestantes e foram cerca de oito mil pessoas que saíram à rua no Porto, segundo estimativas da Polícia de Segurança Pública.

Distribuem-se panfletos com palavras de ordem, afinam-se as vozes. Colectivos e associações começam a esticar as suas faixas e organizar os manifestantes. Às 15h15 dão-se os primeiros passos do percurso que terminou nos Aliados.

Pela Rua de Santa Catarina ouvem-se as palavras de ordem: “Habitação é um direito, sem ele nada feito.” Turistas e transeuntes param para ver a marcha passar e é-lhes prontamente distribuído um panfleto com palavras de ordem e as reivindicações dos manifestantes.

A marcha segue pelo Bolhão sem percalços. São distribuídas águas a quem protesta, numa tentativa de fazer frente ao calor.

Na rua vêem-se pessoas de todas as idades. Muitos marcham por necessidade, outros por solidariedade, mas há quem não tenha escolha. É o caso de Ana da Conceição Carvalho, que tem 58 anos e mora na zona do Bonfim. Ana vai ser despejada: “Não passo de hoje”, conta ao PÚBLICO. “Moro num quarto de uma pensão, o senhorio aumentou o valor da renda e não tenho como pagar.”

Perto das 17 horas, a manifestação desembocava nos Aliados. Manifestantes concentram-se em torno de um palco, colectivos e associações lêem os seus manifestos. A exigência mais recorrente é a redução e o controlo das rendas. Todavia, neste palco também se falou da falta de habitação social e acessível, da situação de habitação instável de vítimas de violência doméstica e pessoas da comunidade LGBTQIA+. O encerramento do Centro Comercial Stop e as condições precárias em que vivem os migrantes em Portugal também foram dos assuntos mencionados nos discursos. Por volta das 18 horas, os manifestantes começaram a desmobilizar, mas no ar ficou o último apelo da Associação Habitação Hoje: “A luta continua.”

Texto editado por Ana Maria Henriques

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