BYD Atto 3, um crossover chinês para ser levado a sério

A BYD estreou-se em Portugal apenas este ano, mas com uma história de peso no currículo. Entre a gama de estreia, o Atto 3 quer conquistar famílias pela qualidade e detalhes únicos de design.

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BYD Atto 3 DR
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Para avaliar o Atto 3, um SUV compacto do segmento C, dos familiares médios, é preciso antes desbravar a identidade que está atrás do seu nome: a BYD, que chegou à Europa com um currículo de fazer inveja a muitos construtores com presença bem cimentada no continente. É que é, em primeiro lugar, um dos maiores fabricantes de baterias do mundo — detalhe que lhe dá vantagem na altura de disputar um lugar entre as marcas de carros eléctricos, como comprovam os números: no primeiro semestre de 2023, a BYD vendeu quase 1,2 milhões de veículos electrificados, entre 100% eléctricos e híbridos de ligar à corrente, segundo uma estimativa da CleanTechnica, o que a coloca na dianteira do sector, à frente da norte-americana Tesla, com 888.879 unidades comercializadas (de acordo com a mesma fonte, as vendas de electrificados da BMW, Mercedes e VW perfazem metade do total da BYD).

É, por isso, um actor a ser levado a sério no palco da mobilidade eléctrica que tende a dominar a Europa. Não por se apresentar ao preço da chuva, como chegou a ser temido por ser uma marca made in China, e depois da entrada no mercado de emblemas como a repensada MG. Mas, antes, por aliar o conhecimento tecnológico ao design e construção que o cliente europeu tanto valoriza.

Mas foquemo-nos na proposta automóvel que é o Atto 3, um crossover sempre de tracção dianteira, com um motor eléctrico de 150 kW (204cv), que acelera de 0 a 100 km/h em 7,3 segundos, e equipado com uma bateria de 60 kWh de capacidade útil, o que, com um consumo de 15,6 kWh/100km, lhe permite reclamar uma autonomia, em circuito misto, de 420 quilómetros — dados que fazem frente aos seus rivais mais directos.

Já o carregamento pode ser uma contrariedade, aceitando uma potência máxima de 88 kW, obrigando a esperar 45 minutos para repor a energia de 10 para 80%, quando hoje a maioria aponta para uma pausa inferior a meia hora para cumprir semelhante objectivo — detalhe relevante se a ideia é andar a fazer piscinas entre Lisboa e Porto, por exemplo, mas inconsequente para quem privilegiar uma utilização urbana, com carregamentos domésticos ou em postos públicos, com potência máxima de 11 kW.

De referir, porém, que é fornecida de série uma bomba de calor, o que melhora a eficiência térmica até 20% no Inverno, algo que assumirá maior importância em regiões em que os termómetros desçam a negativos na estação fria.

Visualmente, o Atto 3 não será automóvel para fazer parar o trânsito, mas também não exibe linhas que causam qualquer choque negativo e que foram desenhadas a pensar na capacidade aerodinâmica do automóvel (coeficiente de arrasto de 0,29), sem que o estilo tivesse sido sacrificado: o design dianteiro, explicam, foi inspirado no mundo mítico dos dragões, tão presentes na cultura chinesa, nomeadamente os faróis frontais de LED e a barra da grelha em material escovado, que simbolizam os olhos e os bigodes daqueles animais imaginários.

Com 4455 mm de comprimento e 2050 mm de largura, o Atto beneficia de uma distância entre eixos de 2720 mm, o que se pode comprovar no espaço permitido aos passageiros do banco de trás. O conforto é garantido pelos bancos desportivos com design ergonómico, sendo que os dianteiros podem ser aquecidos e regulados electricamente. Em termos de arrumação, a mala apresenta uma volumetria de 440 litros, podendo ser esticada até aos 1138 litros com o rebatimento dos lugares traseiros, na proporção de 60/40.

Já quem se senta aos comandos depressa perceberá que o Atto 3 é um automóvel que deseja ser conduzido com alguma consistência, sem arranques abruptos, travagens agressivas ou curvas velozes. Antes, prima por um progredir suave, sem grandes emoções, mas capaz de conquistar quem vive a estrada com tranquilidade. Excepto se o piso estiver muito estragado e continuarmos a apertar com o acelerador: nesse caso, a suspensão poderá fazer com que os ocupantes sintam em demasia os solavancos; na lista dos prós, pouco ou nada se sente a adornar.

Interior de mimos

Se, por fora, o Atto até pode passar despercebido, por dentro, a conversa é outra e testemunha a vontade da BYD de conquistar o cliente europeu através do toque e de mimos — e da tecnologia, claro.

Os materiais usados revelam que houve cuidado na escolha, com a qualidade percepcionada em mente (há, claro, plásticos de fraca qualidade, mas estão colocados estrategicamente para que escapem ao rol dos contras). Mas o que mais salta à vista são as opções de design disruptivas e originais, como as alavancas que servem de puxadores às portas, o selector da mudança de velocidades ou as saídas de ar estilizadas (há ainda o detalhe de as portas incluírem cordas, afinadas como as de uma guitarra, que podem ser tocadas, mas arrisco-me a dizer que serão uma forma de levar pais à beira de um ataque de nervos se os petizes as descobrirem — não obstante a graça, parece-me estar longe de ser uma boa ideia).

À frente do condutor, um pequeno visor digital (5’’) concentra as informações mais relevantes da condução, enquanto o centro do tablier é ocupado por um enorme ecrã táctil, de 12,8 polegadas nas versões de entrada e de 15,6 polegadas no topo de gama, com equipamento Design (43.490€, incluindo pintura metalizada), que conduzimos. E com um extra que chama a atenção: a possibilidade de girar o ecrã, escolhendo entre uma posição horizontal e vertical. Tem alguma piada, é certo, mas a utilidade é questionável: depois de ter experimentado, não voltei a colocar o painel na versão vertical, optando por manter a informação na horizontal.

Já o software, DiLink 4.0 permite actualizações à distância e o sistema de navegação é de série, além de se poder usar as funcionalidades do telemóvel, emparelhando o dispositivo com o automóvel.

De sublinhar que o Atto 3 obteve as cinco estrelas nos testes de segurança do Euro NCAP, apresentando-se com um conjunto de sistemas de segurança de série, que incluem travagem automática de emergência, assistência à manutenção na faixa de rodagem, monitorização do ângulo morto e reconhecimento de sinais de trânsito.

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