Morreu Dianne Feinstein, senadora do Partido Democrata
Senadora desde 1993, Feinstein, de 90 anos, foi a autora de uma proposta de lei que proibiu a venda de armas semiautomáticas nos EUA entre 1994 e 2004.
A senadora norte-americana Dianne Feinstein, do Partido Democrata, morreu na quinta-feira, aos 90 anos de idade, ao fim de uma carreira de 30 anos que fez dela a mulher com mais mandatos na História da câmara alta do Congresso dos Estados Unidos.
Eleita pela primeira vez para o Senado dos EUA em Novembro de 1992, na Califórnia, Feinstein destacou-se pouco tempo depois, em 1994, ao apresentar uma proposta de lei que viria a proibir em todo o país, durante a década a seguinte, a venda de armas semiautomáticas — semelhantes às que foram usadas por vários atiradores nos EUA nos últimos anos.
A lei, que foi aprovada por um prazo inicial de dez anos, não foi renovada por falta de acordo no Congresso dos EUA.
A notícia da morte de Feinstein chega após meses de especulações sobre o seu débil estado de saúde, e em particular sobre se as suas limitações deveriam levá-la a renunciar ao mandato. A senadora resistiu a esses apelos e nos últimos tempos deslocava-se no Senado em cadeira de rodas.
"O que interessa é saber se eu continuo a representar de forma eficaz os 40 milhões de californianos, e os registos mostram que sim", disse a senadora, em Abril de 2022, em resposta a um artigo do jornal San Francisco Chronicle que fazia eco das dúvidas de outros senadores sobre a sua capacidade para exercer o mandato.
O lugar de Feinstein no Senado deverá ser preenchido por uma figura a nomear pelo governador da Califórnia, Gavin Newsom, do Partido Democrata.
Em Março, no meio do debate sobre a hipótese de uma renúncia de Feinstein, Newson disse que já tinha uma lista de possíveis substitutos e comprometeu-se a nomear uma mulher negra.
Tal como Nancy Pelosi — a ex-líder da Câmara dos Representantes, também do Partido Democrata e igualmente eleita pela Califórnia —, Feinstein começou tarde na política, mas tornou-se numa das figuras mais influentes no Congresso norte-americano a partir da década de 1990, depois de ter sido presidente da Câmara de São Francisco entre 1978 e 1988.
Além da proposta de lei que proibiu a venda de armas semiautomáticas entre 1994 e 2004, Feinstein destacou-se também nas investigações do Senado dos EUA às denúncias de tortura da CIA a terroristas e a suspeitos de terrorismo na sequência da invasão do Iraque.
Como membro da Comissão de Serviços Secretos do Senado, Feinstein declarou, na altura, que a prática de tortura pela CIA era "uma mancha nos valores e na história" do país.
Elogiada pelos seus colegas senadores de ambos os partidos, e reconhecida como uma pioneira na luta das mulheres pelo desempenho de cargos políticos de relevo, Feinstein foi descrita como "uma das grandes" pelo senador democrata Dick Durbin, citado pela CNN.
O Presidente dos EUA, Joe Biden, disse, num comunicado, que Feinstein era uma “verdadeira pioneira americana” e uma “amiga querida”.
“Ela fez história de muitas maneiras e o nosso país beneficiará do seu legado durante gerações”, afirmou Biden. “Muitas vezes a única mulher na sala, Dianne foi um modelo para tantos americanos, um trabalho que ela levou a sério como mentora de inúmeros funcionários públicos, muitos dos quais agora servem na minha administração”, acrescentou.
“Dianne foi uma pioneira, a primeira mulher a ocupar o cargo de mayor de São Francisco com uma coragem, equilíbrio e graciosidade inigualáveis”, afirmou, por sua vez, Nancy Pelosi, presidente emérita da Câmara dos Representantes.
"A extraordinária carreira de Dianne continuará a inspirar inúmeras jovens mulheres e raparigas a seguir o serviço público durante as gerações vindouras”, acrescentou Pelosi.
Do lado da bancada republicana, o senador Thom Tillis, da Carolina do Norte, disse que Feinstein "nunca desistiu de uma causa que julgasse ser merecedora de defesa".