Pegadas de dinossauros mais antigas da Península Ibérica descobertas em Portugal
Com cerca de 195 milhões de anos, as pegadas são ocorrência mais antiga de dinossauros da Península Ibérica, a seguir às pegadas de saurópodes na Pedreira do Galinha, na Serra de Aire.
Pegadas de dinossauros com 195 milhões de anos foram descobertas em Alvaiázere, no distrito de Leiria, sendo as mais antigas da Península Ibérica, segundo um estudo científico agora divulgado.
Publicada na revista Historical Biology: An International Journal of Paleobiology, a descoberta permitiu identificar uma nova espécie de pegadas de dinossauro, ou icnoespécie. Esta nova icnoespécie foi denominada como Moyenisauropus lusitanicus por uma equipa de cientistas portugueses e possibilitou "ampliar conhecimento acerca da diversidade de dinossauros e outros vertebrados conhecida no registo fóssil do Jurássico Inferior europeu e mundial", destaca um comunicado do Centro Português de Geo-História e Pré-História (CPGP) e do Instituto Politécnico de Tomar.
“As pegadas encontram-se numa camada de rochas carbonatadas (calcários dolomíticos) da formação de Coimbra, datada do andar Sinemoriano (Jurássico Inferior)”, refere ainda o comunicado. “Estas pegadas foram atribuídas a dinossauros ornitísquios e a crocodilomorfos. Estes animais deixaram a suas pegadas numa vasta planície costeira, que existia naquela altura, onde actualmente se encontra o concelho de Alvaiázere”, acrescenta-se.
As primeiras pegadas tinham sido descobertas em 2006 por João Forte, um dos autores do artigo científico agora publicado. Eram então apenas quatro pegadas, que sobressaíam na laje calcária. Os trabalhos de campo foram realizados em Julho de 2022 e, no artigo científico, são agora descritas de forma detalhada 17 pegadas identificadas naqueles trabalhos.
Com cerca de 195 milhões de anos, este registo, de acordo com o CPGP, é a mais antiga ocorrência de dinossauros da Península Ibérica, depois de terem sido encontradas pegadas de saurópodes na Pedreira do Galinha (Monumento Natural das Pegadas de Dinossauros da Serra de Aire), com cerca de 170 milhões de anos.
“O registo fóssil do Jurássico Inferior na Península Ibérica é escasso, constituindo-se assim este trabalho como um importante contributo para o conhecimento sobre os dinossauros do Jurássico Inferior a nível internacional e para a reconstituição paleogeográfica e paleobiológica do Sinemuriano de Portugal”, adianta o CPGP.
O estudo foi liderado pelo paleontólogo Silvério Figueiredo, professor do Instituto Politécnico de Tomar e Presidente, investigador do Centro Português de Geo-História e Pré-História e investigador associado do Centro de Geociências da Universidade de Coimbra. Além de cientistas de várias instituições portuguesas, participaram também nos trabalhos de campo três jovens estudantes do secundário, no âmbito de um estágio de Verão organizado pela Ciência Viva e inserido no projecto.