Entrada da FIL coberta de vermelho em novo protesto pelo clima

Protesto acontece 24 horas após acção contra ministro do Ambiente, mas não foi preparado pelo mesmo grupo. Activistas interromperam sessão com responsáveis de companhias aéreas.

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Grupo de activistas pelo clima pintou entrada da FIL com tinta vermelha Climáximo
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Um grupo de activistas pelo clima pintou a entrada da Feira Internacional de Lisboa (FIL) com tinta vermelha, durante a realização do World Aviation Festival, evento dedicado à área da aviação. Vídeos partilhados nas redes sociais mostram a fachada do edifício coberta de tinta, com alguns jovens a segurar uma tarja em que se pode ler "eles estão a matar-nos." O protesto foi promovido pelo grupo Climáximo e contou com acções fora e dentro do recinto.

"Os protestos foram organizados por dois grupos diferentes, as datas foram uma coincidência", começou por dizer ao PÚBLICO Alice Gato, activista do Climáximo, grupo responsável pelo protesto desta quarta-feira. "Houve um grupo que interrompeu a sessão onde estavam presentes responsáveis de companhias aéreas. Sinalizou-se, cá fora, que este é um evento criminoso e lá dentro que aquelas pessoas são responsáveis pelas mortes de milhares de pessoas e responsáveis pelo despejar das nossas cidades. Não podem estar a falar sobre aquele assunto e é altura de pagarem pelos crimes que estão a cometer", prossegue a activista.

Foram identificados cinco activistas no local pelas forças policiais, avança o grupo em comunicado enviado às redacções. A chegada à FIL deu-se pelas 10h, com o Climáximo a acusar os participantes de se reunirem "num evento desenhado para expandir a capacidade de matar em massa".

O protesto desta quarta-feira ocorre precisamente 24 horas após a manifestação contra o ministro do Ambiente e da Acção Climática, Duarte Cordeiro, atingido com tinta verde na abertura da CNN Portugal Summit. O governante foi interrompido durante uma intervenção, com três jovens a subirem a palco. "Sem futuro não há paz", gritaram, criticando o facto de um evento sobre a crise climática ter sido patrocinado pela Galp e pela EDP.

Este não tem sido caso único na luta climática. No início de Setembro, o administrador da companhia aérea Ryanair, Michael O'Leary, foi atingido com duas tartes à saída da sede da União Europeia (UE). O ataque foi feito por ambientalistas em protesto contra as emissões de dióxido de carbono emitidas pela companhia aérea com mais voos na Europa.

Muitos activistas internacionais têm também usado tinta para atingir obras de arte (ou sopa, como as activistas que acertaram na famosa pintura Girassóis, de Van Gogh, em Londres) para chamar a atenção para a inacção climática. As alterações climáticas são causadas sobretudo pela emissão de gases com efeito de estufa (sobretudo do dióxido de carbono) associados às actividades humanas, em grande parte resultantes da queima de combustíveis fósseis.

Também em Portugal os jovens activistas pelo clima têm bloqueado escolas e outras instituições, como o edifício em que decorreria o Conselho de Ministros ou o Ministério da Economia.