Produção de mangas aumenta na Itália com a crise climática
Culturas italianas de manga ocupam 1200 hectares - em 2019, contabilizavam-se 500 e em 2004 apenas dez. Subida dos termómetros está a motivar agricultores a trocar culturas tradicionais por exóticas.
O cultivo da manga na Itália está a tornar-se mais difundido, à medida que as temperaturas mais quentes e a perspectiva de margens de lucro mais elevadas levam um número crescente de agricultores a abandonar as culturas tradicionais em favor de frutas exóticas.
No início da época de colheita deste ano, as culturas italianas de manga cobriam 1200 hectares. Em 2019, contabilizam-se 500 hectares e, em 2004, apenas dez, revela a Coldiretti, a principal associação do sector agrícola na Itália.
“A produção de frutas tropicais cultivadas na Itália, impulsionada pelas alterações climáticas, modificará profundamente o comportamento do consumidor e as escolhas de investimento das empresas agrícolas nos próximos anos”, afirmou a Coldiretti num comunicado.
Embora existam há décadas pequenas explorações de frutas tropicais na ilha da Sicília, a produção está a expandir-se rapidamente para outras regiões do sul, como a Apúlia e a Calábria.
Francesco Bilardi, de Reggio Calabria, um município do sudoeste italiano, começou a plantar mangueiras, abacateiros e maracujás em 2020, juntamente com plantas de anona, que normalmente crescem no Estreito de Messina.
“Os citrinos são a nossa tradição, mas já foram também uma inovação”, disse Bilardi, que administra uma herdade ao lado dos dois irmãos. “Para nós, é normal mantermos as nossas tradições e, ao mesmo tempo, acrescentarmos alguma inovação.”
Colheita de uvas ameaçada
Embora a produção de manga, banana e abacate esteja em ascensão, a tradicional colheita de uvas italianas está ameaçada este ano devido ao mau tempo e às doenças. A produção de vinho caiu 12%.
Andrea Passanisi, que cultiva abacates e mangas há 17 anos nas encostas do vulcão do monte Etna, na Sicília, alertou que o clima extremo também representa uma ameaça para produtores de frutas tropicais.
"A verdadeira questão das alterações climáticas são as estações imprevisíveis", disse Andrea Passanisi.
O coordenador económico da Coldiretti, Lorenzo Bazzana, destacou que as frutas exóticas são tão vulneráveis como as uvas e os citrinos a tempestades cada vez mais frequentes, chuvas torrenciais e longos períodos de seca.
“Os produtos tropicais não são a varinha mágica que permite aos agricultores produzir sem riscos”, disse Lorenzo Bazzana.