Diogo Feio defende aliança entre PSD, CDS e IL no plano nacional

O resutado das eleições na Madeira leva antigo vice dePortas a defender construção de maioria de “direita moderada” para disputar autárquicas de 2025 e legislativas que se realizam um ano depois.

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Diogo Feio foi vice-presidente do CDS quando Paulo Portas liderou o partido Adriano Miranda
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O resultado obtido pela coligação PSD/CDS neste domingo nas eleições regionais da Madeira não deu para a maioria absoluta, mas no partido liderado por Nuno Melo há quem veja nesta vitória o ponto de partida para a construção de uma “alternativa forte" no espaço político da "direita moderada" que envolva também a Iniciativa Liberal.

“É inequívoco que houve uma vitória do PSD-CDS que tem aqui um recuo de um deputado e de votos porque isso faz a diferença da maioria absoluta para a não-maioria absoluta, mas perante essa circunstância, parece-me que a melhor solução no plano estratégico para o futuro seria uma solução que incluísse a Iniciativa Liberal”, declarou ao PÚBLICO Diogo Feio, que foi vice-presidente do CDS quando Paulo Portas era líder do partido.

Diogo Feio vê como “muito difícil” que esta solução possa ser implementada já nas eleições europeias de Junho do próximo ano, mas defende que os três partidos devem fazer o “caminho programático" com vista à construção de uma "alternativa forte neste espaço político”. E vai mais longe, afirmando que esta solução pode ter “maioria absoluta de deputados numa futura eleição”.

Em declarações ao PÚBLICO nesta segunda-feira, o antigo líder da bancada parlamentar do CDS realça que o eixo desta solução terá de estar no PSD porque “é o partido mais relevante, quer historicamente, quer neste momento no plano eleitoral”. “Aquilo que me parece é que uma solução de maioria absoluta em futuras eleições nacionais passa por estes três partidos, numa lógica também de reformadores, como aconteceu na Aliança Democrática,” preconizou o ex-vice-presidente de Portas, sublinhando que será necessário desenhar um programa pensado por todos.

Afastando o Chega desta solução a que chama de "direita moderada", Diogo Feio considera que tal coligação é "perfeitamente possível" e nota que "a eleição da Madeira demonstra isso mesmo: uma vitória que inclua PSD, IL e CDS, sem necessitar de qualquer espécie de acordo com o Chega”.

O ex-dirigente nacional democrata-cristão discorda que o seu partido tenha perdido importância nas eleições regionais deste domingo, uma vez que manteve os três deputados, e prefere dizer que este resultado traduz “uma adaptação aos novos tempos, que é uma coisa diferente."

Por seu lado, a porta-voz do CDS, Isabel Galriça Neto, coloca a tónica na “mais-valia” que diz que o seu partido continua a representar, ao mesmo tempo que destaca o “sentido de agregar” e de “contribuir para a estabilidade governativa na Madeira.”

Reconhecendo que não foi a vitória que se esperava no sentido de dar uma “maior segurança”, Isabel Galriça Neto observa, contudo, que o “CDS continua a contribuir para que haja um governo de estabilidade" e defende que isso é uma mais-valia”. “O CDS não desapareceu – mantém o mesmo número de deputados no parlamento da Madeira – e é importante que se perceba (…) que há uma enorme diferença entre o CDS e o Chega na forma de estar, na forma contribuir para a democracia, no tipo de registo."

Ao PÚBLICO, a porta-voz do partido aflorou ainda a derrota que o PS sofreu nestas eleições, elogiou a “boa governação” que tem existido e os “bons resultados económicos, apesar da crise do turismo com a covid-19", acrescentando que “não se pode apoucar a vitória que aconteceu porque é uma vitória expressiva e em que o CDS deu o seu contributo".

As primeiras declarações do presidente do CDS sobre a vitória sem maioria absoluta foram feitas à RTP ainda na noite de domingo. Nuno Melo disse que o resultado obtido pela coligação Somos Madeira “prova que ficou também evidente aos olhos de todos que o CDS é uma direita que soma, ao contrário de outros partidos do espaço do centro direita que dividem e, desse ponto de vista, beneficiam a esquerda”.

“O CDS é essa direita que soma. O CDS mantém o mesmo número de deputados que tinha há quatro anos. Nos últimos quatro anos, o CDS foi fundamental do ponto de vista da estabilidade na governação e também do sucesso nas medidas que foram sendo implementadas em favor dos madeirenses. É isso que se espera, que o partido continue a contar muito na coligação,” declarou. O PÚBLICO contactou Nuno Melo, sem sucesso.

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