Morreu Matteo Messina Denaro, o último “padrinho” da máfia siciliana

Responsável da máfia esteve foragido desde 1993 e foi detido numa clínica privada em Janeiro passado. Matteo Messina Denaro sofria de cancro do cólon e estava em coma desde sexta-feira.

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Responsável conseguiu fugir às autoridades durante 30 anos EPA/CARABINIERI HANDOUT
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O último “padrinho” da máfia siciliana, Matteo Messina Denaro, morreu na madrugada deste domingo vítima de um cancro no cólon. O homem de 61 anos foi ligado a alguns dos crimes mais macabros perpetrados pelo grupo mafioso Cosa Nostra, incluindo os homicídios dos juízes Giovanni Falcone e Paolo Borsellino, responsáveis pelos julgamentos de membros ligados à máfia.

Desde a noite de sexta-feira, Messina Denaro estava num “coma irreversível”. Será sepultado no jazigo da família, ao lado do pai, Don Ciccio, em tempos o líder do clã mafioso local.

Depois de estar fugido à Justiça durante três décadas, Messina Denaro foi detido em Janeiro passado numa clínica privada em Palermo. O chefe da máfia usava um nome falso para fazer tratamentos a um tumor e escapar ao controlo das autoridades. “Apenas me prenderam por causa da minha doença”, disse Denaro aos procuradores de Áquila, no interrogatório que se seguiu à detenção.

Messina Denaro tornou-se chefe da Cosa Nostra após as prisões de Salvatore “Totó” Riina em 1993 e de Bernardo Provenzano em 2006. Após a detenção, foram descobertas várias casas nas quais o chefe da máfia se escondeu nos últimos anos, em Campobello di Mazara, a poucos quilómetros de Castelvetrano, a sua cidade natal e onde reside a família.

Para o autarca da cidade de Áquila, a morte de Messina Denaro “coloca um fim à história de violência e sangue”, cita o jornal britânico The Guardian. Foi “o epílogo de uma existência vivida sem remorsos ou arrependimento, um capítulo doloroso na história recente da nossa nação”, afirma Pierluigi Biondi.

Messina Denaro foi, desde cedo, iniciado na vida na máfia: conta-se que aos 14 anos já sabia disparar uma arma e que aos 18 já tinha cometido homicídios. “Com as pessoas que já matei, conseguia fazer um cemitério”, terá confidenciado a um amigo.

Denaro esteve envolvido e foi condenado a prisão perpétua por diversos crimes, entre eles o rapto, tortura e assassinato do filho de 11 anos de Santinno Di Matteo, um mafioso que aceitou colaborar com as autoridades. O seu filho, Giuseppe Di Matteo, foi asfixiado e dissolvido em ácido nítrico de forma a nunca ser encontrado. Com Lusa

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