Sporting planeou para o Rio Ave uma aula nocturna de futebol

A equipa “leonina” teve um desempenho de alto nível na primeira parte e não deixou o Rio Ave fazer o que quer que fosse. Na segunda, só precisou de gerir.

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Jogadores do Sporting celebram em Alvalade LUSA/JOSÉ SENA GOULÃO
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Estádio de Alvalade como "sala de aula", Sporting como "professor" e Rio Ave como "aluno" em horário pós-laboral. Foi isto que aconteceu na noite desta segunda-feira, no fecho da sexta jornada da I Liga, com triunfo dos “leões” por 2-0.

No futebol do Sporting houve uma tremenda variedade de soluções, houve adaptação da ideia de jogo ao adversário, houve qualidade a colocar as ideias em prática e houve, acima de tudo isto, capacidade finalizadora para materializar o muito futebol ofensivo criado, sobretudo, na primeira parte. Depois, houve gestão do resultado.

A equipa de Rúben Amorim deu uma autêntica “aula” de futebol, tal foi a forma como soube colocar em prática tantas soluções diferentes e, em simultâneo, impedir o Rio Ave, durante largos minutos, de fazer o que quer que fosse no plano ofensivo. E foi uma equipa "adulta" e confiante na segunda parte.

Domínio total

Na primeira parte houve uma autêntica aula de futebol dada pelo Sporting. Os sistemas simétricos em 3x4x3 sugeriam um jogo de pares evidente, até pela forma como a equipa de Luís Freire privilegia esse tipo de comportamento defensivo em jogos contra os “grandes”.

As referências individuais são, nessa medida, úteis quando o adversário está pouco dinâmico, mas tornam-se um suplício se houver mobilidade e capacidade técnica para tirar rapidamente a bola das zonas de pressão, antes de os defensores “abafarem” o portador da bola.

E isso deu ao Rio Ave uma incapacidade tremenda de jogar. O Sporting levou a jogo um "manual" de desenhos ofensivos – com algumas diferenças entre si, mas quase sempre com a mesma base.

A ideia era ter um jogador em apoio e outro em ruptura no espaço. Como fazer isso? Dependia do que fizesse o Rio Ave. Com a defesa mais baixa, a bola era colocada no apoio frontal, para arrastar um defensor. Com a defesa mais alta, Adán ou um dos centrais batiam mais longo à procura da referência ofensiva.

Aos 7’ foi a opção 2, com Adán a chamar o apoio frontal de Paulinho, que depois foi pedir no espaço e assistir Edwards para um golo anulado. Aos, 10’ foi a opção 1, com Edwards a sair da marcação e dar a referência na zona central e Morita a romper em profundidade, assistindo Paulinho para o 1-0.

Aos 14’, novamente um desenho deste tipo para uma oportunidade perdida por Nuno Santos. Aos 20’, foi Pote a dar o apoio frontal a arrastar Pantalon e Paulinho com movimento no espaço – sem finalização. Aos 23’, voltaram à opção 2, com Adán a ir procurar Paulinho, que depois de receber em apoio foi pedir no espaço.

Aos 33’, Edwards voltou a ver o jogo de frente e foi Morita quem apareceu na posição de avançado, para “chamar” um central, antes de Pote romper pela zona deixada vaga.

Esta descrição aparentemente repetitiva mostra um paradoxo: por um lado, houve uma certa redundância de soluções na origem dos lances, mas, por outro, uma tremenda variedade na forma de as colocar em prática.

Rio Ave um pouco melhor

O Sporting ainda chegou ao 2-0 na primeira parte, com Hjulmand a fazer uma recuperação de bola “à Palhinha”, antecipando-se em zona bem adiantada. Foi Edwards quem acabou por finalizar com categoria, quando todos esperavam um cruzamento.

A ausência de referências a momentos ofensivos do Rio Ave não é esquecimento nem negligência: é apenas falta de coisas para contar. A equipa nortenha teve apenas duas acções na área do Sporting e nenhuma a dar um único remate enquadrado.

Na segunda parte, o Sporting pareceu querer baixar as linhas e entregar a bola ao Rio Ave – até porque é, habitualmente, uma equipa confortável em bloco baixo. A ideia seria seduzir o Rio Ave a esticar-se no terreno, podendo, depois, “matar” o jogo numa transição.

Os vila-condenses até chegaram ao 2-1 numa bola parada, mas o lance foi invalidado por fora-de-jogo e pouco mais fizeram.

É justo dizer, ainda assim, que a equipa de Luís Freire conseguiu forçar um pouco este recuo “leonino” e colocar muitos jogadores em momento ofensivo. Isso ainda deu alguns lances de ataque durante uns minutos, mas a energia foi-se esgotando e pouco se passou na última meia hora de jogo.

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