Dois sismos “mais fortes” foram sentidos esta tarde na ilha Terceira

Há relatos de que os dois sismos acima de magnitude 4 foram sentidos na zona ocidental da Terceira, em Angra do Heroísmo e na zona oriental.

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Sismos foram sentidos em diferentes partes da ilha Terceira Paulo Pimenta
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Dois sismos acima de magnitude 4 na escala de Richter foram sentidos na tarde desta segunda-feira na Terceira, nos Açores, sobretudo na zona ocidental da ilha, indica-se no site do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA). “Foram fortemente sentidos pela população”, refere ao PÚBLICO Fernando Carrilho, geofísico do IPMA, que cita relatos das pessoas na ilha.

O primeiro sismo teve uma magnitude de 4,3 e ocorreu às 17h44​ (hora de Lisboa, sendo menos uma hora nos Açores). Já o segundo sismo teve 4,0 e aconteceu às 17h47. A fonte sísmica é na zona da Serra de Santa Bárbara, na parte ocidental da ilha. O geofísico diz que, por enquanto, é ainda prematuro fazer qualquer extrapolação quanto a estes sismos “mais fortes” do que aqueles que têm vindo a ser sentidos nos últimos tempos na serra de Santa Bárbara.

Estes sismos têm profundidade (a sua origem) “relativamente superficial”, assinala, pois ocorreram a poucos quilómetros abaixo da superfície, nomeadamente nos primeiros cinco quilómetros da crosta terrestre. O primeiro teve epicentro a cerca de três quilómetros a nordeste da serra de Santa Bárbara, refere a agência Lusa. Por sua vez, o segundo teve epicentro a cerca de dois quilómetros a nordeste da mesma serra.

Por agora, Fernando Carrilho apenas adianta: “Foram fortemente sentidos pela população.” Além da zona ocidental da ilha, há relatos de que estes sismos foram sentidos em Angra do Heroísmo e no sector ocidental. Até ao momento, não são conhecidos quaisquer danos, mas não se exclui que tenham ocorrido. “Será feita uma avaliação”, nota Fernando Carrilho.

Nos últimos tempos, este local nos Açores tem tido maior actividade sísmica. “Nas últimas semanas ou meses, [tem-se registado] uma maior actividade sísmica na zona da Serra de Santa Bárbara, no sector ocidental da Terceira”, realça o geofísico. Quanto a sismos de magnitude 4, Fernando Carrilho esclarece que “há vários por ano, mas tipicamente com o epicentro fora da zona das ilhas” dos Açores.

Quanto à intensidade, o Centro de Informação e Vigilância Sismovulcânica dos Açores (CIVISA) refere, citado pela Lusa: “De acordo com a informação disponível até ao momento, os sismos foram sentidos com intensidade máxima V (Escala de Mercalli Modificada) nas freguesias da zona oeste da ilha Terceira. Os eventos foram ainda sentidos com intensidade IV/V na zona leste da ilha Terceira e com intensidade II/III no concelho de Ponta Delgada (ilha de São Miguel).”​

Ainda durante a tarde, foram registados mais dois sismos na zona da Serra de Santa Bárbara: um deles às 17h53 (hora de Lisboa), com uma magnitude de 2,2 na escala de Richter; o outro ocorreu às 18h18 e teve uma magnitude de 2,5.

Monitorização do vulcão reforçada

A Terceira tem também a partir desta segunda-feira mais duas estações de GNSS (sistema de navegação por satélite), para monitorizar a deformação de terrenos, devido à maior actividade sísmica em na zona da serra de Santa Bárbara.

A actividade sísmica no vulcão de Santa Bárbara está “acima dos valores normais de referência”, com o nível de alerta científico V2 (possível reactivação do sistema – sinais de actividade moderada) desde 24 de Junho.

Um mês antes, em Maio, o então presidente do CIVISA, Rui Marques, alertava para a “necessidade de se reforçar alguns tipos de monitorização, na ilha Terceira, nomeadamente aquela que tem que ver com a deformação geodésica através da colocação de mais estações GNSS”, relembra a Lusa. A Câmara Municipal de Angra do Heroísmo adquiriu então agora duas estações GNSS, que foram instaladas nas freguesias dos Altares e da Serreta, num investimento de cerca de 70.000 euros.

Rita Carmo admitiu que a rede de estações GNSS do CIVISA não é “suficiente”, salientando que estas duas estações vêm reforçar a capacidade de monitorização da ilha Terceira e do vulcão de Santa Bárbara. “O CIVISA tem estado subfinanciado já há alguns anos. É uma realidade que é já conhecida. Tentamos ter algumas estações em torno de alguns sistemas vulcânicos. As estações que temos não são em número suficiente para podermos ter uma boa qualidade de rede de monitorização e temos vários sistemas vulcânicos activos”, apontou.

Com estas duas novas estações, o CIVISA fica com os meios adequados para monitorizar a deformação de terrenos na zona do vulcão de Santa Bárbara, nota a investigadora. “Normalmente, para monitorizar bem um vulcão temos de ter quatro estações GNSS em torno do vulcão. Com estas duas estações estamos a conseguir isso”, frisou Rita Carmo. Com Lusa

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