Coimbra quer construir mais de 200 quilómetros de ciclovias

O objectivo da câmara de Coimbra é passar de ciclovias para lazer e para o desporto para “ciclovias voltadas para a transferência modal”.

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A rede actual tem 26 quilómetros patricia martins

O Plano Municipal de Ciclovias apresentado este domingo pela Câmara de Coimbra prevê a criação de 209 quilómetros de novas ciclovias no concelho, num projecto que deverá ter um prazo de implementação de pelo menos dez anos. O documento, apresentado no âmbito da Semana Europeia da Mobilidade, prevê a adição de 209 quilómetros de novas ciclovias à actual rede (que tem 26 quilómetros), num plano que irá provocar "uma reformulação completa da cidade", disse à agência Lusa a vereadora da Câmara de Coimbra com as pastas da mobilidade, urbanismo e transportes, Ana Bastos.

O plano a que a agência Lusa teve acesso prevê uma rede de 110 quilómetros de ciclovias estruturantes e 125 quilómetros de rede local, incluindo as infra-estruturas já existentes e planeadas e as propostas pelo próprio documento. As ciclovias estruturantes (que ligam diferentes zonas da cidade) estão projectadas para a Rua do Brasil, Rua Miguel Torga, Avenida Dias da Silva, Rua Nicolau Chanterene, Avenida Calouste Gulbenkian e Avenida Sá da Bandeira, assim como nas ligações na margem esquerda ao Hospital dos Covões e à Escola Superior Agrária, entre outras.

"As estruturantes são vias voltadas para os grandes movimentos, que podem ter potencial de captação de maior quantidade de ciclistas e que ligam a cidade, entre grandes pontos de origem e grandes pontos de atracção", salientou Ana Bastos. Para a vereadora, até ao momento, o município tinha ciclovias voltadas para "o lazer e para o desporto", sendo necessário agora "entrar na cidade com ciclovias voltadas para a transferência modal".

No entanto, Ana Bastos admite que este será também um processo de alteração "das mentalidades" e, por isso mesmo, propõe-se a ser um plano a longo prazo e executado "de forma gradual", com medidas progressivas e acompanhadas de "uma campanha de sensibilização e envolvimento da população". "Queremos agora também perceber até que ponto a cidade quer esta mudança ou manter a política tradicional de mais espaço para carros. Essa não é a minha visão da cidade. A cidade deve ser cada vez mais voltada para as pessoas, com bons passeios e ciclovias e a restante componente de distâncias mais longas deve ser garantida pelo transporte colectivo", defendeu.

A execução do plano terá como prioridade a criação das vias estruturantes, numa expansão da rede que se quer "contínua e lógica", aclarou. Segundo Ana Bastos, algumas das ciclovias poderão começar por ser zonas de partilha com os carros, reduzindo a velocidade máxima para os automobilistas para "30 quilómetros por hora" e com "alteração física da infra-estrutura, com gincanas e lombas".

Como exemplo daquilo que o município pretende fazer, juntamente com o plano de ciclovias, foi apresentado hoje um projecto já consolidado entre o Alto de São João e o Cidral, abrangendo a Estrada da Beira, onde está prevista uma ciclovia bidireccional, arborização de todo o eixo e a transformação de parte do troço em sentido único. A requalificação daquele troço já tinha um projecto do anterior executivo, já adjudicado, mas o município decidiu parar a empreitada, revê-la de forma acentuada e esperar agora por financiamento para a retomar, explicou. Com a criação dessa ciclovia e aproveitando a rede já existente, será possível "ir da Estação Velha [na Baixa] até à Escola Eugénio de Castro, sempre de bicicleta", notou.

O plano municipal implica um investimento de cerca de 25 milhões de euros, mas os custos poderão ser mais avultados, caso estejam associados à requalificação de infra-estruturas subterrâneas, referiu a vereadora. De acordo com Ana Bastos, a concretização da rede estará muito dependente de financiamento, criticando o facto de o Governo ter lançado, em 2019, a Estratégia Nacional para a Mobilidade Activa Ciclável sem um pacote financeira associado. A vereadora da Câmara de Coimbra espera agora que o próximo quadro comunitário possa dar "resposta a esse desiderato", por forma a poder começar a executar o plano traçado.