Zelensky anuncia produção conjunta de armas entre Ucrânia e EUA
Presidente ucraniano fala em acordo “histórico” e de “longo prazo”, que se vai focar na produção de sistemas de defesa antiaérea. Depois do encontro com Biden, Zelensky viajou para o Canadá.
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Depois de ter garantido mais um pacote de ajuda militar norte-americana no valor de 325 milhões de dólares (mais de 305 milhões de euros), o Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, anunciou esta sexta-feira que também que fechou um acordo “histórico” com os Estados Unidos para a produção conjunta de armamento entre os dois países.
Num vídeo publicado no X (antigo Twitter) depois do encontro com Joe Biden, na Casa Branca, em Washington D.C., Zelensky revelou que a iniciativa de “longo prazo” terá como principal objectivo produzir sistemas de defesa antiaérea.
“Iremos trabalhar em conjunto com os EUA para a Ucrânia produzir as armas que necessita. Trata-se de um nível superior na nossa união. A co-produção com os EUA é algo histórico. [Teremos] uma nova base industrial [e] novos empregos para ambas as nações”, começou por dizer.
This was a very important visit to Washington, D.C.
— Volodymyr Zelenskyy / ????????? ?????????? (@ZelenskyyUa) September 22, 2023
New military aid package. Long-term agreement on joint defense production. This historic step will create new industrial base and jobs for both of our nations.
My day began on Capitol Hill with candid and extensive… pic.twitter.com/Ro24E6k86D
“Em particular, a Ucrânia será capaz de produzir sistemas de defesa antiaérea. Estamos a preparar-nos para criar um novo ecossistema de defesa com os EUA, para produzirmos armas que possam reforçar ainda mais a liberdade e proteger vidas”, afirmou, sem oferecer, ainda assim, mais pormenores sobre o plano.
O Presidente ucraniano acrescentou ainda que, na sequência das reuniões que teve no Pentágono, no Capitólio e na Casa Branca, o Ministério das Indústrias Estratégicas do seu país assinou acordos de cooperação com três associações norte-americanas que representam mais de 2000 empresas de produção de armas, tendo em vista uma cooperação futura.
Depois de ter discursado, na terça-feira, na sessão de abertura da 78.ª Assembleia Geral das Nações Unidas, e participado, na quarta-feira, numa reunião do Conselho de Segurança da organização, em Nova Iorque, Zelensky aproveitou a sua segunda visita aos EUA desde o início da invasão russa da Ucrânia para reunir, na quinta-feira, com membros dos Partido Republicano e do Partido Democrata e com Joe Biden, entre outros encontros com responsáveis políticos e militares norte-americanos.
The United States' commitment to Ukraine will not weaken.
— President Biden (@POTUS) September 22, 2023
Putin may still wrongly believe that he can outlast Ukraine.
Putin may doubt our staying power.
He’s wrong.
We will stand for liberty and freedom today, tomorrow, and for as long as it takes. pic.twitter.com/k1m1BgggvT
Segundo o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, o mais recente pacote de ajuda à Ucrânia inclui sistemas de defesa antiaérea, munições para artilharia e para bombas de fragmentação, armamento antitanques, entre outras armas.
A par deste pacote adicional, Biden disse ainda que os primeiros tanques norte-americanos US Abrams vão ser entregues às autoridades militares ucranianas a partir da próxima semana.
Os Estados Unidos são, de longe, o país que mais tem contribuído em termos de apoio militar à Ucrânia. Segundo os cálculos do think tank Council for Foreign Relations, baseados em diferentes fontes ucranianas e norte-americanas, entre equipamento, armas, treino, empréstimos ou apoio logístico, Washington já gastou mais de 46 mil milhões de dólares (cerca de 43 mil milhões de euros) em ajudas militares desde o início da invasão.
Juntando a esse valor a assistência financeira e humanitária, os EUA já contribuíram com 76,8 mil milhões de dólares para a Ucrânia desde 22 de Fevereiro de 2022.
Depois dos EUA, a passagem de Zelensky pela América do Norte tem mais uma escala, no vizinho Canadá, para uma série de reuniões e encontros que não constavam da agenda oficial da presidência ucraniana.
Na primeira visita do chefe de Estado da Ucrânia ao Canadá desde o início do conflito, destaca-se o discurso que vai fazer no Parlamento e o encontro com o primeiro-ministro canadiano, Justin Trudeau.
Estas demonstrações de unidade entre os responsáveis da Ucrânia e os seus parceiros em Washington e Otava contrastam com um dos piores momentos das relações entre Kiev e um dos seus principais aliados na Europa: a vizinha Polónia.
A decisão de Varsóvia de manter as restrições à importação de cereais ucranianos para proteger os seus agricultores escalou de tal forma que, depois de um bate-boca entre dirigentes políticos e diplomáticos dos dois lados – que meteu Zelensky e o Presidente polaco, Andrzej Duda, ao barulho –, o Governo da Polónia anunciou que não vai fornecer mais armas ao seu aliado, justificando a decisão com a necessidade de rearmar o seu próprio exército.