Porto homenageia Pinto Balsemão e dá-lhe as chaves da cidade
Rui Moreira recordou que o antigo primeiro-ministro foi deputado pelo Porto, lutou pela liberdade e deu um “decisivo contributo para uma sociedade verdadeiramente livre e emancipada em Portugal”.
Foi com emoção e com "gratidão" que Francisco Pinto Balsemão recebeu esta quinta-feira as chaves da cidade do Porto das mãos do presidente do município portuense, Rui Moreira, numa sessão que foi também uma homenagem ao antigo primeiro-ministro.
“Hoje, devido à generosidade da Câmara Municipal do Porto e de Rui Moreira, recebo as chaves da cidade. É um grande e relevante momento da minha vida. O Porto não é apenas uma cidade grande. O Porto é uma grande cidade, com tudo o que uma grande cidade significa, não só nos monumentos e naquilo que vai criando para os viver, melhorar e desfrutar, como é o caso de Serralves, em cujo arranque também estive envolvida, mas também na beleza das paisagens, no namoro com o Douro”, declarou Francisco Pinto Balsemão na sessão que decorreu no salão nobre dos Paços do Concelho.
Discursando perante uma plateia com muitas figuras conhecidas da vida politica, empresarial e cultural, o presidente do Grupo Impresa aproveitou a ocasião para recordar dois velhos amigos que o ajudaram a gostar do Porto e a entender as suas gentes: Miguel Veiga e Sá Carneiro, ambos já desaparecidos.
Referiu-se a Miguel Veiga como “um homem de cultura, um valioso e hiperactivo membro do júri do Prémio pessoa, um grande companheiro nas horas boas e nas horas más, em Portugal e no estrangeiro."
“Miguel Veiga possibilitou-me o conhecimento de uma cidade que eu afinal não conhecia, dos seus monumentos, das suas paisagens, mas também das pessoas, dos portuenses que são, a princípio, um tanto desconfiados perante os ‘invasores’ lisboetas, mas que, no meu caso e decerto em tantos outros, sabem abrir as portas das suas casas, dos seus clubes, das suas agremiações, quando confiam e adoptam os recém-chegados”, afirmou, acrescentando: "Miguel Veiga foi meu companheiro de percurso no PSD."
Em relação a Francisco Sá Carneiro, o antigo primeiro-ministro revelou que o conheceu na Assembleia Nacional e que teve muita influência na sua vida. "Logo a seguir ao 25 de Abril, Sá Carneiro anunciou que ia criar um partido político e a 6 de Maio apresentamos, com Magalhães Mota, as bases programáticas do PSD. O que se sucedeu desde então é suficientemente conhecido - as vitórias eleitorais da AD, os governos da AD, o romance Sá Carneiro/Snu Abecassis, a tragédia de Camarate."
Por seu lado, o presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira referiu-se a Francisco Pinto Balsemão como um “verdadeiro senador da democracia portuguesa” que lutou pela democracia na chamada ‘ala liberal’ da Assembleia Nacional.“Lutou por um regime democrático de tipo ocidental e por uma social-democracia europeia durante o PREC. Lutou pelo fim da tutela militar sobre o poder político e a sociedade civil. Lutou pela integração de Portugal na Europa. Lutou por uma economia moderna e competitiva, mas de rosto humano. Lutou por uma comunicação social independente, plural e isenta”, disse Rui Moreira.
“Com coragem, e com determinação, Francisco Pinto Balsemão logrou libertar o país do espartilho revolucionário e encaminhar Portugal rumo à democracia plena, à integração europeia e à economia social de mercado,” acrescentou o autarca, recordando que, como deputado pelo Porto, Balsemão foi “um dos grandes impulsionadores do visionário projecto de navegabilidade do rio Douro.”
Dirigindo-se ao homenageado, Rui Moreira sublinhou que “uma cidade que tanto lutou pela liberdade e que muito preza os valores do liberalismo, como o Porto, não podia perder esta oportunidade" para o homenagear; "não podia deixar de reconhecer o seu decisivo contributo para uma sociedade verdadeiramente livre e emancipada em Portugal.”
“Com esta condecoração, o município do Porto está a distinguir um político corajoso, mas clarividente, um empresário audaz, mas consciencioso, um homem frontal, mas humanista”, realçou ainda o autarca independente, frisando que a partir de agora com as chaves da cidade, Francisco Pinto Balsemão passa “a ser um de nós – um cidadão do Porto.”