Jornalistas em greve deixam TSF sem emissão nesta quarta-feira

É a primeira vez em 35 anos que há uma greve nesta rádio. Na quinta-feira há novas reuniões dos trabalhadores com a administração da empresa.

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A greve da TSF teve uma adesão de 100% Pedro Cunha
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Não há noticiários nem a restante programação regular na antena da rádio TSF nesta quarta-feira. Os trabalhadores da empresa estão em greve, por um período de 24 horas, e suspenderam quase por completo os seus serviços: há apenas música a preencher a emissão. É a primeira paralisação nos 35 anos da empresa. Aumentos salariais e mudanças na direcção estão na base do protesto.

Não seria de estranhar ouvir Verdes anos, de Carlos Paredes, a meio de uma manhã de emissão da TSF. Mas os minutos vão passando e só música e autopromoções da rádio ocupam a antena. Até que uma das suas vozes mais conhecidas, a do jornalista Fernando Alves, interrompe esse “silêncio” para anunciar: "A programação da TSF está condicionada devido a uma greve de 24 horas dos trabalhadores desta rádio."

No site da estação, também não foi publicada nenhuma notícia nesta quarta-feira. A última é das 23h54 da véspera e dá precisamente conta de que “os trabalhadores da TSF estão nesta quarta-feira, 20 de Setembro, a cumprir uma greve de 24 horas”.

“A paralisação, a primeira em 35 anos de história convocada pelos trabalhadores da TSF, foi aprovada por unanimidade em plenário realizado a 11 de Setembro”, informa ainda a curta notícia.

Será assim ao longo de 24 horas. “Não haverá noticiários durante todo o dia, nem será publicada nenhuma notícia no site”, garante Filipe Santa Bárbara, porta-voz dos trabalhadores. A adesão dos jornalistas da TSF à greve é de 100%. “À hora a que falamos, não consigo dizer que será assim até ao final, porque os diferentes turnos vão entrando ao longo o dia, mas tenho muita confiança de que haverá adesão total”, acrescenta ainda.

Horas antes do início da greve, a administração da Global Media Group, a empresa que detém a rádio – bem como os diários Jornal de Notícias e Diário de Notícias, o desportivo O Jogo e o económico Dinheiro Vivo –, convocou o conselho de redacção e a comissão mista de trabalhadores para uma reunião, que se realizará nesta quinta-feira, sem adiantar os temas que aí serão discutidos.

Os trabalhadores da TSF reuniram-se à porta das instalações da empresa em Lisboa em protesto durante a manhã desta quarta-feira. Numa das faixas colocadas nas árvores, lê-se “TSF em greve: Respeito!”. E é essa palavra que Filipe Santa Bárbara repete na conversa com o PÚBLICO: “Aquilo que os trabalhadores estão a pedir é respeito e comunicação.”

E em que se concretiza esse “respeito”? Na exigência de que a administração cumpra a proposta, que ela mesma apresentou, de aumentos salariais. Apesar de ficar aquém das exigências iniciais dos trabalhadores, acabou por ser aceite por estes, mas nunca foi concretizada.

O problema agudizou-se nos últimos meses, em que os salários foram pagos com atraso. “No primeiro mês, ainda deram uma desculpa de um problema técnico. No segundo, já não houve sequer aviso prévio”, lamenta o porta-voz dos trabalhadores.

A “gota de água” na relação com a administração foi a substituição do director-geral: saiu Domingos Andrade e entrou o jornalista Rui Gomes. A mudança foi tornada pública no início do mês, sem que o conselho de redacção fosse auscultado nem sobre a saída nem sobre a entrada de um novo responsável, como é exigido por lei.

Dias depois deste anúncio, a 11 de Setembro, os trabalhadores da TSF reuniram-se em plenário e decidiram, por unanimidade, avançar para esta greve de 24 horas.

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