Activistas infiltrados denunciam cenário “horrendo” de maus-tratos no maior aviário da Polónia
Galinhas mortas, ovos cobertos de sangue, asas depenadas. Foi isto que dois activistas infiltrados encontraram no maior aviário da Polónia, um dos maiores produtores de ovos da Europa.
“Montes de galinhas mortas, ovos cobertos de sangue, patas torcidas, penas bicadas”. É assim que os activistas Oksana e Sasha descrevem o interior da Fermy Drobiu Woźniak, um dos maiores aviários da Polónia, considerado também o maior produtor de ovos da União Europeia.
As denúncias surgiram depois de o casal ter trabalhado durante seis semanas na fábrica sediada na aldeia de Wioska, no Centro-Oeste da Polónia. Oksana faz parte da Anima International, uma associação de defesa animal, e embarcou nesta experiência com o seu companheiro Sasha. Juntos fizeram um documentário que partilharam online. A organização apela agora à União Europeia que proíba pecuária (e mais concretamente aviários) em gaiolas.
Uma das tarefas diárias era retirar as galinhas mortas das gaiolas. "Às vezes estavam azuis e a libertar líquidos”, descreve Sasha, o que sugere que alguns dos animais já estavam em decomposição. Por dia, recolhiam cerca de 100 animais mortos.
As más condições também chamaram a atenção dos activistas. Primeiro, pelo espaço reduzido dentro das gaiolas, mas também porque “algumas galinhas pareciam mais dinossauros do que aves”. “Quase não tinham penas, apenas hastes nuas”, relata Oksana.
Os vídeos mostram as gaiolas sobrelotadas e agressões entre os animais. Estas agressões resultam da falta de espaço, da dificuldade em chegar aos ninhos para pôr os ovos e do stress constante, apontam.
Os corpos deformados, principalmente as patas, também são descritos pelos activistas. O piso das gaiolas, com grades, contribui para essas deformações. Oksana conta que tentou ajudar uma galinha com a pata presa na grade e quando os colegas de trabalho viram disseram: “Deixa-a sozinha. Ela vai morrer de qualquer maneira, não faz sentido tentar salvá-la”.
Em Julho deste ano, e na sequência desta investigação, a Anima International recolheu mais de 200 mil assinaturas numa petição dirigida ao Ministro da Agricultura e Desenvolvimento Rural da Polónia, onde pediam o fim da criação em gaiolas na UE.
Uma outra petição, de âmbito europeu, conseguiu mais de 1,4 milhões de assinaturas. A “End the Cage Age” ("põe fim à era das gaiolas", numa tradução livre) conseguiu que, em Julho de 2021, a Comissão Europeia se comprometesse a apresentar propostas legislativas para, gradualmente, substituir este género de aviários.