Desafios e oportunidades da biotecnologia em debate no Biomeet 2023

O encontro anual, promovido pela P-BIO, decorre nos próximos dias 25 e 26 de Setembro, no Templo da Poesia, em Oeiras.

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Retirar conclusões que contribuam para a definição de estratégias e planos de acção em aplicações tão distintas como saúde, alimentar, agrícola, mar e industrial, com o objectivo de fortalecer todo o ecossistema da biotecnologia em Portugal é o principal propósito de mais uma edição da conferência Biomeet que, segundo Simão Soares, “tem vindo a ganhar dimensão e relevância nas últimas edições”. Este ano, explica o presidente da P-BIO, associação que congrega empresas ligadas ao sector da biotecnologia e das ciências da vida, o encontro inclui um programa diversificado, “pensado para cobrir as áreas nas quais a P-BIO tem vindo a trabalhar de forma mais activa nos últimos anos, e nas quais se focam a maioria das empresas nossas associadas a desenvolver soluções biotecnológicas inovadoras.”

Partilha e troca de experiências, dinamização de parcerias e muito networking são outras vertentes deste evento que reúne especialistas do sector, entidades públicas, academia, investigadores, empresários e empreendedores. Em cada um dos painéis, explica Simão Soares, espera-se que sejam discutidos os factores nos quais as empresas se diferenciam e quais as principais limitações, barreiras e oportunidades existentes em cada uma das áreas temáticas em Portugal. “Esperamos, com estas discussões, tirar conclusões que nos ajudem a definir estratégias e planos de acção em cada área, para que possamos, enquanto Associação, trabalhar com os diversos interlocutores e contribuir para que estas se desenvolvam com sucesso”. Um dos principais objectivos do evento como um todo é reunir e discutir o sector da biotecnologia nas suas várias vertentes e potenciar o fortalecimento do ecossistema que, segundo o presidente da P-BIO, “ainda está fragmentado”.

Biotecnologia como factor diferenciador

As temáticas escolhidas para esta edição do Biomeet estão integralmente relacionadas com as áreas onde a biotecnologia tem um papel-chave e pode servir como factor diferenciador na resolução dos problemas directa ou indirectamente a elas ligados. Na área da saúde humana, exemplifica o responsável da associação, “estamos a viver numa época sem precedentes no que respeita à inovação biomédica, com o desenvolvimento de tratamentos cada vez mais eficazes, seguros e personalizados, para doenças até agora sem resposta e que geram enormes impactos na sociedade, e da qual Portugal deve fazer parte”. O mesmo acontece na área da alimentação, onde as alterações climáticas e o aumento populacional têm demonstrado a necessidade de mudar o paradigma da forma como nos alimentamos, sendo, por exemplo, a fermentação de precisão uma ferramenta-chave para produzir e fornecer alimentos e ingredientes mais acessíveis, nutritivos e seguros.

Na área da Biotecnologia Azul, reforça Simão Soares, ainda se estão a dar os primeiros passos sobre o conhecimento e o potencial de valorização dos recursos marinhos a nível global, “sendo que Portugal, por ter uma Zona Económica Exclusiva de enorme relevância, com potencial para alargar a extensão da plataforma continental, tem condições para estar na linha da frente dos avanços nesta área”.

Já na bioeconomia, o responsável da P-BIO acredita que a biotecnologia tem potencial para ajudar a ultrapassar muitos dos desafios que a sociedade enfrenta em áreas como a Agricultura, Floresta, Ambiente, etc., nomeadamente ao nível da produtividade das culturas, da valorização de recursos endógenos, da economia circular ou da sustentabilidade económica, ambiental e social dos sistemas agro-ambientais e do mundo rural. “Teremos também oportunidade de abordar o desenvolvimento em Portugal do sector de novos produtos a partir de insetos”, áreas que, na perspectiva do presidente da associação, só se desenvolverão com sucesso se existir capacidade de colaborar e desenvolver Clusters de Biotecnologia a nível nacional, que reúnam a academia, as startups biotecnológicas, as grandes empresas, os investidores e os decisores políticos, no desenvolvimento de soluções inovadoras, incorporando conhecimento nacional e com um foco em problemas globais e com um impacto directo na vida das pessoas.

No fundo, o evento propõe-se a abordar um conjunto de desafios, transversais a todas as temáticas da bioindústria, tais como o investimento, as condições de validação e escalabilidade das soluções desenvolvidas, o acesso ao mercado, ou as questões legais e regulamentares que geram desafios a cada uma destas áreas. Outro desafio, destacado por Simão Soares, está relacionado com a sensibilização do público em geral sobre o que é a biotecnologia e de que forma pode impactar a sociedade nas suas várias vertentes. A este nível, diz, “é necessário continuar o esforço de interacção com a sociedade destacando os bons exemplos em desenvolvimento em Portugal, bem como apresentar a segurança deste tipo de tecnologias”.