Inflação surpreende e recua no Reino Unido em Agosto

Preços dos serviços compensaram subida registada nos mercados petrolíferos. Irá o Banco de Inglaterra parar agora de subir os juros?

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Inflação recuou no Reino Unido DADO RUVIC
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A expectativa era a de que, com a ajuda da nova escalada de preços a que se assiste no mercado petrolífero, a inflação no Reino Unido tivesse voltado a subir em Agosto, empurrando o banco central para mais um movimento ascendente das taxas de juro esta semana. No entanto, os dados da inflação surpreenderam pela positiva e as pressões inflacionistas na economia britânica parecem estar a reduzir-se de modo mais rápido do que se previa.

Os dados publicados esta quarta-feira pela autoridade estatística britânica mostram que a taxa de inflação homóloga no Reino Unido baixou de 6,8% em Julho para 6,7% em Agosto. A diminuição é pequena, mas não só coloca este indicador ao nível mais baixo desde Fevereiro de 2022, como representa uma surpresa para os analistas, que estavam na sua grande maioria à espera de um agravamento da inflação durante o mês passado, como revelou um inquérito realizado pela agência Reuters a economistas antes da divulgação dos dados.

As previsões de agravamento da inflação tinham como base a subida que se tem vindo a verificar nos preços dos combustíveis, um dos bens com um maior peso no índice de preços britânico. Devido às reduções dos níveis de produção decididas por países como a Arábia Saudita e a Rússia, os preços do petróleo têm vindo a subir, com o barril de petróleo a reaproximar-se dos 100 dólares e regressando, depois de um período de baixa, aos níveis registados nos primeiros meses após o início da guerra na Ucrânia.

No entanto, no Reino Unido, em Agosto, esta subida de preços dos combustíveis foi compensada pelos dados mais favoráveis do que o esperado noutro tipo de bens e serviços, nomeadamente os preços dos hotéis e os alimentos.

É também isto que explica que dois indicadores muito seguidos pelo Banco de Inglaterra para a condução da sua política monetária – a inflação subjacente e a inflação nos serviços – tenham tido em Agosto uma evolução particularmente favorável.

No caso da inflação subjacente, que retira da análise os bens com maior volatilidade de preços como os combustíveis, a descida da variação homóloga foi de 6,9% em Julho para 6,2% em Agosto. E nos serviços passou-se de uma inflação de 7,4% em Julho para 6,8% em Agosto.

Esta baixa surpreendente da inflação faz com que aumente a esperança de que o Banco de Inglaterra, que tem vindo sucessivamente a subir as taxas de juro em cada encontro que realiza, possa vir, na reunião agendada para esta quinta-feira, a realizar uma pausa. Em contrapartida, a depreciação da libra face ao dólar e ao euro, que se acentuou esta manhã, pode fazer o banco central hesitar. Neste momento, nos mercados, os investidores estão divididos, com cerca de metade a apostar numa pausa e os restantes a preverem ainda uma nova subida de taxas de juro.

Já esta quarta-feira a Reserva Federal norte-americana irá também reunir-se para decidir o que fazer às taxas de juro, com os analistas a apostarem maioritariamente na manutenção dos custos de financiamento. Na semana passada, o Banco Central Europeu decidiu voltar a subir as taxas de juro, mas dando sinais de que pode já ter chegado ao ponto mais alto do actual ciclo de subidas.

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