Sp. Braga quer desfrutar da Champions com ambição e leveza

Artur Jorge pede rigor e equilíbrio na gestão das expectativas para que a participação na maior competição de clubes não se transforme num problema.

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Artur Jorge não quer um Sp. Braga encolhido na Champions LUSA/JOSE COELHO
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O Sp. Braga recebe esta quarta-feira (20h, TVI), na primeira ronda do Grupo C da Liga dos Campeões, o Nápoles, campeão italiano a que Artur Jorge, treinador dos bracarenses, não regateia elogios, apesar de avisar que os "guerreiros" não se encolherão perante a dimensão e qualidade dos adversários.

O Nápoles é o primeiro teste, antes de uma deslocação a Berlim e nova recepção ao campeoníssimo Real Madrid. Ensaio que o Sp. Braga garante estar disposto a encarar com ambição e determinação, mas também com a leveza indispensável para não transformar o prazer de disputar a maior prova de clubes do globo num exercício de tortura.

Artur Jorge sublinha a importância de estabelecer um equilíbrio entre a ambição natural e legítima de uma equipa que pretende crescer e consolidar-se na mais alta-roda e a gestão de expectativas, que terão de ser balizadas pela própria realidade.

A qualidade dos adversários, tanto individual quanto colectiva, não oferece dúvidas. Assim o determina a própria competição. O que pode ser questionado é o momento de cada equipa, a começar pelo próprio Sp. Braga, que soma seis vitórias em nove partidas oficiais na presente época. O problema é que a nível doméstico, um pouco à imagem do Nápoles, a classificação e as estatísticas revelam algumas fragilidades.

E é precisamente essa a dúvida que importa esclarecer neste primeiro duelo. O que vale este Nápoles, aparentemente distante do que dominou a Série A, e que resposta pode dar, sobretudo a nível defensivo, o conjunto minhoto.

Artur Jorge destaca a "qualidade individual, que se traduz na força do colectivo" do adversário. Uma equipa que, "apesar de ter mudado de treinador, mantém essa força, que teremos de contrariar, apresentando uma equipa de qualidade, com a mesma ambição, para podermos ser competitivos e discutir o jogo", referiu o treinador português na conferência de imprensa de antevisão do jogo.

Uma sessão onde a palavra ambição dominou o discurso do avançado Bruma e do próprio treinador, sinal de que a mensagem é clara, mesmo quando o nível dos adversários poderia sugerir algum conformismo.

O facto de o Sp. Braga, na terceira vez que disputa a fase de grupos da Champions, ter "caído" num grupo que, em tese, esmaga as probabilidades de sucesso, tem uma outra leitura, mostrando o caminho da superação pela via da exigência máxima.

"Teremos de ter uma abordagem muito mais rigorosa e comprometida para estarmos ao nível" do campeão italiano num jogo em que o Sp. Braga acredita na possibilidade e na capacidade de discutir o resultado até ao fim.

Rigor pode ser a chave, depois de um arranque de campeonato em que soma duas derrotas (Famalicão e Farense) e um empate (Sporting), com nota preocupante no plano defensivo (10 golos sofridos e a quarta defesa mais batida da prova). Factores que levam a equipa para um campo onde a responsabilidade pode roubar alguma capacidade para desfrutar de um momento raro na história do clube.

"Em termos de coerência, de gestão de expectativas e da exigência da competição, gostava que esta não seja uma competição que nos castre" destaca o técnico na tentativa de preservar "o gosto de a podermos discutir", para que a Champions "seja uma competição onde possamos ser leves e desfrutar, sempre com mentalidade ganhadora".

A dicotomia "ambição sem obrigação" apresentada por Artur Jorge é uma tentativa de "aligeirar a carga emocional sobre os jogadores", embora reforce a ideia de que desfrutar não pode ser entendido como "jogar por jogar". O que a Liga dos Campeões não pode, na percepção do treinador, é constituir um problema, até pelo crescimento como equipa e clube, o que exige um "equilíbrio​ face às expectativas" e um Sp. Braga que não "se vá encolher perante o adversário".

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