FC Porto entra a ganhar na Liga dos Campeões

“Dragões” triunfam em Hamburgo sobre o Shakthar Donetsk por 1-3. Galeno foi a grande figura, com dois golos e uma assistência.

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Galeno marcou dois golos e fez uma assistência Reuters/CATHRIN MUELLER
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O FC Porto teve na Liga dos Campeões aquilo que ainda não teve na Liga portuguesa: um jogo tranquilo. Em Hamburgo, os “dragões” abriram a sua campanha europeia com um triunfo por 1-3 sobre o Shakthar Dontesk, a primeira vitória da época por mais do que um golo de diferença, com uma grande exibição de Wenderson Galeno, autor de dois golos e uma assistência. O jogo começou no caos, mas a equipa de Sérgio Conceição encontrou maneira de transformar esse caos numa vantagem, perante um campeão ucraniano que, por motivos óbvios, não se apresenta ao nível de outros tempos.

Se Conceição tinha experimentado uma variação táctica (três centrais) há poucos dias na Amadora, o FC Porto voltou ao seu plano “normal”, uma defesa a quatro, o seu jogador em melhor forma (Galeno) poupado a correrias sobrenaturais no flanco e o melhor avançado (Taremi) de volta ao “onze”. No plano estratégico, o objectivo era pressionar alto, reduzir o espaço e o tempo do Shakthar na sua construção ofensiva a partir de trás e ser insistente. Foi assim que o FC Porto começou a ganhar o jogo.

Foi assim que o FC Porto chegou ao golo logo aos 8’. Alan Varela recuperou uma bola no meio-campo, deu de imediato para Taremi, que, por sua vez, encaminhou a jogada para André Franco. O médio rematou, o guarda-redes Riznyk defendeu para o lado e, na recarga, Galeno fez o 0-1. Não seria a primeira vez que o brasileiro estaria no sítio certo durante o jogo.

Mas, até Galeno voltar a brilhar em Hamburgo, o Shakthar conseguiu lançar algumas dúvidas no jogo. Pouco depois de sofrer o golo, a formação ucraniana conseguiu ultrapassar a pressão alta e lançou um contra-ataque de muitos contra poucos. Rakitskiy ganhou na corrida a Zaidu, arrancou o cruzamento quase em cima da linha final na direcção de Kevin Kelsy. Com Pepe a marcá-lo à distância, o jovem avançado venezuelano cabeceou para o fundo da baliza de Diogo Costa.

Com dois golos nos primeiros 13 minutos, o jogo estava lançado no caos e na incerteza. Mas os homens de Conceição continuaram a carregar e a forçar o erro no seu adversário, e aos 15’, voltaram a colocar-se na frente. De novo a pressão alta a funcionar e a obrigar Sikan a fazer um passe disparatado para a entrada da sua grande área. Galeno interceptou, aguentou a carga e disparou para o 1-2.

A resposta do Shakthar era sempre a mesma, tentar aproveitar as debilidades defensivas de Zaidu no lado esquerdo da defesa portista, mas o FC Porto já tinha corrigido essa situação e esse caminho poucas vezes se abriu durante o resto do jogo. Já Galeno foi o plano A dos “dragões” para tudo o que era ataque. Aos 28’, Galeno voltou a brilhar, com um belo cruzamento para Taremi após boa combinação com Ivan Jaime. O ponta-de-lança iraniano, com uma excelente finalização, deixou o jogo em 1-3.

Para além da diferença de golos, a estatística ao intervalo mostrava bem o domínio portista em Hamburgo. Mais remates (9/2) e mais posse de bola (56%/44%). O segredo seria manter esta tendência na segunda parte – e o FC Porto não tem sido propriamente um modelo de consistência em termos de domínio de jogo.

Uma diferença de dois golos não é irrecuperável e um Shakthar de outros tempos, recheado com talento brasileiro e argentino, talvez tivesse conseguido dar outra resposta. Mas, em tempos de guerra e a jogar longe de casa, a formação ucraniana só tinha do seu lado uma enorme motivação de jogar por um país a sofrer com uma guerra. Faltavam argumentos para quebrar o domínio da formação portuguesa.

Ainda tentaram algumas investidas pelo flanco direito – Zaidu já não estava lá, mas Wendell, que entrou após o intervalo, também não é um modelo de consistências. E ainda conseguiram um par de remates para aquecer as luvas de Diogo Costa. Mas nada disso foi suficiente para repor a incerteza neste embate de Champions.

Neste contexto, o FC Porto entrou em modo gestão e não sofreu com isso. Conceição foi dando rotação europeia a alguns dos seus homens do banco – Gonçalo Borges, Nico González, Jorge Martínez, este com os seus primeiros minutos pelo FC Porto, e o regressado Francisco Conceição. Nada disto comprometeu o objectivo principal para este jogo, a vitória – só não deu para assumir o comando do Grupo H porque, no outro jogo, o Barcelona arrasou o Antuérpia por 5-0. Mas esse confronto com os catalães não é um problema para resolver agora. Para já, e para além do jogo, os “dragões” ganharam outras coisas com esta viagem a Hamburgo: tranquilidade e conforto.

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