Greve do Stop quase sem impacto nas escolas, reportam directores
“Os alunos merecem o nosso respeito e esta é a altura de iniciar um novo ano lectivo. Mesmo com razões para fazer greve, os professores não iriam parar agora”, assinala presidente da ANDE.
“Impacto zero.” É, deste modo, que o presidente da Associação Nacional de Directores e Agrupamentos de Escolas Públicas (ANDAEP), Filinto Lima, descreve a greve convocada pelo Sindicato de Todos os Profissionais da Educação (Stop) para esta segunda-feira, o dia em que começaram de facto as aulas em muitas escolas, e que se deverá prolongar por toda a semana.
O presidente da Associação Nacional de Dirigentes Escolares (ANDE), Manuel Pereira, tem a mesma percepção: “Não teve impacto.” Ambos os directores falam dos agrupamentos que dirigem, em Vila Nova de Gaia e Cinfães, mas também de várias outras escolas de todo o país de que foram tendo informação.
Em declarações à Lusa, o dirigente do Stop André Pestana admitiu que se registou uma baixa adesão em escolas de Lisboa e do Porto, justificando assim este facto: "A maior parte das pessoas que aderem não é do centro das grandes cidades."
O Stop ainda não fez um balanço nacional da greve. À Lusa, André Pestana apontou casos de escolas que estiveram fechadas em Alverca, Setúbal, Barreiro e Odemira, onde o dirigente do Stop marcou presença.
Críticas ao Stop
“Independentemente da razão que assiste aos professores para estarem descontentes, há também aqui uma questão de bom senso e de consciência profissional. Os alunos merecem o nosso respeito e esta é a altura de os conhecer, de iniciar um novo ano lectivo. Mesmo com razões para fazer greve, os professores não iriam parar agora”, frisa Manuel Pereira.
Filinto Lima lamenta, pelo seu lado, que “um instrumento poderosíssimo como é a greve esteja a ser canibalizado por um sindicato”. “Estão a banalizar a greve”, critica. Este director lamenta ainda que persista a “desunião” entre sindicatos e que o Stop esteja com divisões internas: “Está a prejudicar gravemente a luta dos professores.”
A Lusa contactou, esta segunda-feira, professores, pais e alunos de uma dezena de escolas de todos os níveis de ensino e em apenas um dos estabelecimentos se sentiu, ao início da manhã, os efeitos da paralisação convocada pelo Stop.
Na Escola Secundária Gago Coutinho, em Alverca, os alunos do 10.º ano chegaram de manhã à escola e deram com os portões fechados. "Havia concentração à porta e disseram aos miúdos para voltarem à escola às 11H50 porque, supostamente, iria abrir a essa hora", contou a mãe de uma aluna.
Já na cidade de Lisboa as aulas não foram afectadas pela greve nas oito escolas que a Lusa contactou. “As reivindicações são mais que justas, mas este não é o momento", justificou uma docente do agrupamento de Escolas Filipa de Lencastre.
Entre as principais exigências dos professores continua a figurar a recuperação dos seis anos, seis meses e 23 dias de tempo de serviço congelado, que levou a que o passado ano lectivo fosse marcado por greves constantes.
Mesmo com aulas a decorrer, há pais que se recusam a apresentar o dia como “normal”, como insiste uma mãe cuja filha começou as aulas sem quatro professores. Não porque estivessem em greve, mas sim porque ainda não foram colocados todos os docentes em falta.