Cinco cidadãos dos EUA deixam Irão após troca de prisioneiros e desbloqueio de fundos

Países desavindos trocam detidos depois de Washington autorizar o descongelamento de seis mil milhões de dólares de fundos iranianos, bloqueados ao abrigo das sanções impostas a Teerão.

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Um mural anti-EUA na sede da antiga embaixada norte-americana em Teerão, capital do Irão EPA/ABEDIN TAEHRKENAREH
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Cinco cidadãos norte-americanos abandonaram esta segunda-feira o Irão, a bordo de um avião do Qatar, na sequência de um acordo, mediado por Doha, que envolve a troca com outros cinco iranianos que estavam detidos nos Estados Unidos e o descongelamento norte-americano de seis mil milhões de dólares (5,6 mil milhões de euros) de fundos de Teerão.

Uma fonte familiarizada com o caso confirmou à Reuters que o avião que transportava os prisioneiros norte-americanos recebeu luz verde para descolar assim que os fundos em causa, bloqueados no âmbito das sanções económicas impostas pelos EUA ao Irão, foram transferidos para contas bancárias sediadas no Qatar.

A troca de prisioneiros tem lugar após vários meses de negociações, ocorridas durante um dos piores períodos das relações entre os dois países, que tem como pano de fundo divergências sobre o programa nuclear iraniano, agravadas com a saída de Washington do acordo nuclear, em 2018, por decisão do ex-Presidente, Donald Trump.

Os EUA dizem que Teerão é um Estado patrocinador de terrorismo e desconfiam das suas alegadas ambições para obter armas nucleares, ao passo que a república islâmica se refere aos EUA como “grande Satã” e critica a sua presença militar na região do Golfo.

Os cinco norte-americanos libertados têm dupla nacionalidade e vão fazer escala em Doha antes de viajarem para os EUA. “Estão de boa saúde”, garante um responsável iraniano, citado pela Reuters.

As pessoas em causa são os empresários Siamak Namazi (51 anos) e Emad Sharqi (59), o ambientalista Morad Tahbaz (67) – que também tem nacionalidade britânica – e outros dois cidadãos cuja identidade não foi revelada. Todos eles estavam em prisão domiciliária no Irão.

Em contrapartida, cinco cidadãos iranianos detidos nos EUA vão ser libertados. Nasser Kanaani, porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros do Irão disse que dois deles irão regressar ao país, outros dois pediram para ficar nos EUA e o quinto irá viajar para um país terceiro.

Relativamente a estes cidadãos, conhecem-se apenas os nomes: Mehrdad Moin-Ansari, Kambiz Attar-Kashani, Reza Sarhangpour-Kafrani, Amin Hassanzadeh e Kaveh Afrasiabi.

Segundo o porta-voz da diplomacia iraniana, os fundos em causa – bloqueados na Coreia do Sul depois de as sanções norte-americanas ao Irão terem sido reforçadas, em 2018 – estarão disponíveis esta segunda-feira.

Muitos dirigentes políticos do Partido Republicano criticaram Joe Biden e a Casa Branca por este acordo, dizendo que os EUA estão, na verdade, a pagar um resgate pelos seus cidadãos.

Nos termos do acordo, porém, o Qatar comprometeu-se a garantir que os fundos vão ser gastos em bens de assistência humanitária, nomeadamente bens alimentares e medicamentos.

O pequeno país do Golfo, que alberga, no seu território, uma das principais bases militares norte-americanas no Médio Oriente, mas que tem boas relações com o Irão, mediou pelo menos oito rondas de negociações entre as partes.

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