Esperança, desencanto e violência no vale dos indígenas isolados
O vale do Javari esconde mais do que a maior concentração de povos não contactados do mundo. Há um ano, o mundo soube do Javari com o assassinato de Bruno Pereira e Dom Phillips.
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Na manhã do domingo, 5 de Junho de 2022, Orlando Possuelo, agrónomo e indigenista, esperava na sua casa em Atalaia do Norte o regresso do companheiro de trabalho Bruno Pereira, que tinha subido, primeiro, o rio Javari e depois o seu afluente Ituí na companhia do jornalista britânico Dom Phillips até às imediações do lago Jaburu. Para um forasteiro, as curvas do rio delimitadas pelas raízes e ramos dos mangais, a espessura da floresta, os perigos da selva ou a solidão que se sente nesses lugares distantes, são tanto motivo de assombro como de medo. Para Bruno Pereira, o imenso território indígena do Javari, com 85 mil km2, uma área próxima da de Portugal, não tinha segredos. Há anos que fazia por lá expedições para contactar indígenas. Ainda assim, a espera do amigo Orlando Possuelo e da sua mulher, Ticianne Freitas, foi em vão. Bruno e Dom não voltariam.
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