Pelas razões certas, hoje é por Portugal!

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Quando dava treinos com o Rui Carvoeira (um dos grandes responsáveis pelo processo de formação destes jogadores que agora estão em França), ele dizia que os momentos de competição eram os momentos de avaliação do que tínhamos andado a treinar. Não eram o fim do mundo, mas toda a gente gosta de ter boa nota num teste para o qual estudou muito.

O País de Gales é um colosso do râguebi mundial, uma das home nations e, como vimos no jogo do último fim-de-semana contra Fiji, capaz de jogar 80 minutos sobre pressão. Vai ser, sem dúvida, o maior desafio da vida desportiva destes jogadores até este momento. Mas Portugal tem as suas armas para “ter boa nota no teste”.

Um excelente mix, com os jogadores que jogam no campeonato português e a experiência dos jogadores que jogam nos competitivos campeonatos franceses.

Tem uma equipa técnica que elevou o nível de profissionalismo e de performance da equipa para um patamar superior. Tem um sistema de jogo que alia uma defesa rápida e agressiva, a uma capacidade de utilizar a bola ao largo e de explorar o espaço que está ao nível das melhores do mundo.

Não tenho dúvidas que estamos melhores do que alguma vez estivemos. Mas para “ter boa nota no teste” não chega o que já temos. Precisamos do que vamos ter de construir em campo.

De serem concentrados e disciplinados. De terem a capacidade de jogar sobre pressão sem ceder ao cansaço. De persistirem até ao fim.

De serem humildes e trabalhadores. De estarem disponíveis para dar o contributo à equipa em cada minuto de jogo. De competirem (e ganhar) os nossos duelos individuais. Quantas vezes forem necessárias até ao fim do jogo.


De acreditarem na estratégia definida pelos treinadores e que ela é a nossa forma de pensar colectivamente. De ter oito jogadores no banco que reforcem a equipa e que consigam elevar o nível quando entrarem.

Mas, hoje, vai ser um jogo tão duro que, para “termos boa nota neste teste”, isto não chega. Precisamos da alma portuguesa. Precisamos de jogar por mais do que aquele jogo.

Joguem pelo amigo que vos levou para o râguebi há muitos anos. Pelos companheiros de equipa de sempre que, em Nice, vão estar a explodir de orgulho a ver-vos competir com Gales. Pelas pessoas do vosso clube, muitas vezes invisíveis, mas que permitiram que houvesse uma “casa” para jogar; que houvesse boleias para os treinos; que houvesse equipamentos para os jogos.

Joguem pela família, que tantos sacrifícios fez para os estágios, jogos sem fim, lesões e recuperações.

Joguem por aqueles que fizerem uma parte desta caminhada convosco e foram ficando de fora.

Joguem pelos miúdos dos clubes portugueses. Que sonham em ser como vocês.

Joguem pelos portugueses. Que precisam de inspiração e de exemplos de quem transforma as fraquezas em forças e que não usa desculpas.

Joguem pelos nossos portugueses em França, que vão estar a apoiar-vos incondicionalmente pois representam um bocadinho do Portugal que deixaram para trás.

Como dizia o Vasco Uva, “hoje é por Portugal!”

Força Lobos!

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