Portugueses e a estreia no Mundial: “Aproveitar a oportunidade de ganhar com unhas e dentes”
Portugal defronta neste sábado o País de Gales, em Nice, na estreia no Campeonato do Mundo de râguebi, quase 16 anos depois de ter disputado pela última vez um jogo na competição.
Quinze anos, 11 meses e 22 dias depois de Portugal ter estado muito perto de se despedir do Campeonato do Mundo de 2007 com uma vitória frente à Roménia em Toulouse – um ensaio a oito minutos do fim deu a vitória aos romenos, por 14-10 -, a selecção portuguesa de râguebi regressa neste sábado (16h45, RTP2) ao terceiro principal palco desportivo a nível mundial. Novamente em França e novamente tendo na estreia um adversário britânico (País de Gales), os “lobos” surgem em Nice com ambições elevadas e o segundo-centro José Lima deixou nesta sexta-feira um aviso aos galeses: “Se tivermos uma oportunidade de ganhar, vamos agarrá-la com unhas e dentes. Não viemos para ver Gales jogar.”
Em 2007, quando Portugal fez a estreia em Saint-Étienne, os jogadores portugueses pouco mais do que dignificarem a camisola podiam fazer. O desnível entre o alto profissionalismo da Escócia e o amadorismo dos “lobos” formava uma barreira intransponível e, no final, a derrota por 46 pontos (10-56), com um ensaio marcado (Pedro Carvalho), teve o sabor de uma vitória – na altura, o jornalista do The Independent que se sentou ao lado do PÚBLICO em Saint-Étienne, tinha apontado no seu bloco de notas, para o caso de ser preciso, a maior vitória da Escócia em jogos oficiais: 100-8, contra o Japão, em 2004.
Desta vez, é pouco provável que a imprensa britânica que estará em Nice tenha perdido tempo a consultar os registos para saber que, no seu currículo, os galeses também têm o Japão no topo da sua lista de maiores vitórias: 98-0. Também não devem ter nos apontamentos que, a 18 de Maio de 1994, no único confronto oficial entre as duas selecções, o País de Gales foi a Lisboa castigar uma equipa portuguesa, onde alinhavam, entre outros, Tomaz Morais, Nuno Mourão e João Ferreira Queimado, por 102-11.
Esses não são números que estejam em cima da mesa para este sábado. E nesta sexta-feira, após os jogadores portugueses realizarem um pequeno treino no Stade de Nice, José Lima foi o porta-voz da ambição dos “lobos”.
O segundo-centro de Portugal, que na próxima época vai regressar à Agronomia após mais de uma década a competir nos campeonatos profissionais franceses, afirmou que pressão estará do lado galês, embora admita que os jogadores portugueses “ainda não sabem o que vai acontecer”.
“Vai ser uma situação nova. Se competirmos 50 minutos, as probabilidades de ganhar serão poucas. Teremos de competir o máximo de tempo possível. O Uruguai conseguiu criar problemas aos franceses e é isso que teremos de fazer. O País de Gales terá de ter cuidado. Se nos derem a oportunidade de ganhar, nós vamos ganhar”, disse Lima.
O jogador de Évora, recordou ainda que assistiu à estreia portuguesa em 2007 no Estádio Geoffroy-Guichard, em Saint-Étienne, e que esse foi um momento decisivo na sua carreira: “Tinha 14 anos e nesse dia decidi que tinha de ir jogar para França, para um dia ajudar o meu país num Campeonato do Mundo. Houve alturas em que pensei que já não ia acontecer, mas agora aqui estou eu.”
Do lado do País de Gales, depois de uma vitória muito sofrida na estreia contra Fiji, batalha em que os britânicos acabaram os 80 minutos com o impressionante número de 253 placagens, Warren Gatland fará uma revolução quase total na sua equipa. O técnico neozelandês que comanda a selecção galesa apenas manterá, em comparação ao jogo frente aos fijianos, dois jogadores na equipa inicial.
Sobre as escolhas que fez para a partida contra os “lobos”, Gatland diz que irá dar “uma oportunidade a Gareth Anscombe”. O abertura, que nasceu na Nova Zelândia, esteve ausente bastante tempo por lesão, mas o técnico lembra que “quando jogou pelo País de Gales, o sucesso que teve como número 10 foi excelente”. “Não tem tido muito râguebi, mas já recuperou da lesão e está em forma. Estou ansioso por vê-lo em campo”, acrescentou.
Quanto ao que espera encontrar contra Portugal, o prestigiado técnico neozelandês diz que os portugueses “são uma versão similar de Fiji”: “Jogam muito râguebi, têm jogadores entusiasmantes, gostam de circular a bola, por isso a nossa preparação foi quase igual à preparação que fizemos para o jogo contra Fiji”.