Lukashenko pronto para se juntar à amizade entre Putin e Kim

Presidente bielorrusso propõe “cooperação trilateral” com Rússia e Coreia do Norte em encontro com o seu homólogo russo na estância balnear de Sochi.

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Alexander Lukashenko e Vladimir Putin durante o encontro em Sochi EPA/MIKHAIL METZEL / SPUTNIK / KREMLIN POOL
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O Presidente bielorrusso, Alexander Lukashenko, aproveitou o encontro, esta sexta-feira, com o seu homólogo russo, Vladimir Putin, para propor que a renovada aliança entre Rússia e Coreia do Norte, selada esta semana com a visita de Kim Jong-un à Rússia, seja alargada à Bielorrússia.

Lukashenko encontrou-se com Putin na estância balnear de Sochi, no mar Negro, onde o Presidente russo o informou das conversações que manteve na quarta-feira com o líder norte-coreano no cosmódromo de Vostochny, no extremo oriental da Rússia.

“Acompanhei de perto os vossos últimos dias de trabalho, repletos de eventos. Foi bom ver o seu encontro com Kim Jong-un no cosmódromo de Vostochny, onde eu próprio já estive. E acho que podemos pensar numa cooperação trilateral”, disse o Presidente da Bielorrússia ao lado de Putin, citado pela agência estatal bielorrussa Belta.

“Sei que os norte-coreanos têm um grande interesse na cooperação com a Rússia. E penso que haverá também trabalho para a Bielorrússia, tendo em conta os problemas que existem”, acrescentou Lukashenko, anunciando que o Governo de Minsk está pronto para aumentar o abastecimento de combustíveis a Moscovo. A Bielorrússia forneceu recentemente 60 mil toneladas de gasolina e outro tanto de gasóleo à Rússia, onde algumas regiões se debatem com falta de combustível.

O encontro de Putin com Lukashenko foi o sétimo dos dois líderes este ano. O Presidente bielorrusso, que depende dos subsídios e do apoio político do Kremlin para se manter no poder há mais de três décadas, permitiu que a Rússia usasse território bielorrusso para lançar a invasão da Ucrânia em Fevereiro de 2022. Em Maio último, Moscovo assinou um acordo com Minsk para armazenar ogivas nucleares em território bielorrusso.

Embora a Bielorrússia tenha continuado depois a acolher tropas russas, Lukashenko voltou a sublinhar no encontro com Putin em Sochi que o seu país não se juntará aos combates.

“Lukashenko demonstra que a Bielorrússia só quer ser um centro militar para a Rússia e lucrar com isso para compensar a expulsão dos mercados ocidentais e as sanções, mas não quer enviar os seus soldados para morrer na Ucrânia”, afirmou o analista bielorrusso Valery Karbalevich, citado pela Associated Press.

Rússia nega acordo militar

No dia em que Kim Jong-un prosseguiu a sua viagem pelo extremo oriente da Rússia, visitando uma fábrica aeronáutica em Komsomolsk-no-Amur – cuja produção foi alvo de sanções do Ocidente por causa da invasão da Ucrânia – para ver os mais recentes caças russos, o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, desmentiu que Moscovo e Pyongyang tivessem assinado qualquer acordo relacionado com assuntos militares.

Os EUA e os seus aliados acreditam que Kim irá, provavelmente, fornecer munições à Rússia para serem utilizadas na Ucrânia em troca de armas avançadas e tecnologia russa, um acordo que violaria as sanções da ONU contra Pyongyang, que proíbem o comércio de armamento com a Coreia do Norte.

Putin afirmou, após o encontro com Kim, que a Rússia respeitará as sanções da ONU e reafirmou a promessa nesta sexta-feira.

“Nunca violámos nada e, neste caso, não temos intenção de o fazer”, disse Putin aos jornalistas. “Mas vamos certamente procurar oportunidades para desenvolver as relações entre a Rússia e a Coreia do Norte”, acrescentou o Presidente russo, que na quinta-feira aceitou o convite de Kim Jong-un para retribuir a visita numa altura em que for “conveniente”.

Antes da eventual viagem de Putin à Coreia de Norte, o ministro dos Negócios Estrangeiros da Rússia, deslocar-se-á a Pyongyang no próximo mês.

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