Activistas climáticos e pela habitação protestaram à porta do Conselho de Ministros

Quase duas dezenas de jovens foram detidos por bloquearem a entrada do Conselho de Ministros. Os protestos serão seguidos de manifestações pelo clima e pela habitação, a 15 e 30 de Setembro.

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O bloqueio feito pelos alunos nesta quinta-feira Miguel A. Lopes/LUSA
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Activistas climáticos bloquearam entrada do edifício onde decorre o Conselho de Ministros Miguel A. Lopes/LUSA
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Activistas climáticos bloquearam entrada do edifício onde decorre o Conselho de Ministros Miguel A. Lopes/LUSA
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Activistas climáticos bloquearam entrada do edifício onde decorre o Conselho de Ministros Miguel A. Lopes/LUSA
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Activistas pela habitação protestaram contra a subida dos juros Matilde Fieschi
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Maria João Costa da Habita Matilde Fieschi
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Foi uma espécie de antecipação da manifestação de dia 30 de Setembro pela habitação e pela justiça climática. Vinte estudantes da Greve Climática Estudantil bloquearam na manhã desta quinta-feira todas as entradas do local onde decorria o Conselho de Ministros, no antigo Ministério do Mar. Horas depois, uma dezena de activistas do movimento Casa para Viver exigiu respostas contra a subida dos juros anunciada pelo Banco Central Europeu (BCE).

Ainda antes das 9h30, hora de início do Conselho de Ministros, os jovens da Greve Climática Estudantil colaram-se nas portas de acesso ao edifício. Os estudantes usaram cola e alguns estiveram emparelhados com tubos de ferro que tapam as mãos e os braços, agarrados uns aos outros. Pouco antes das 10h, os portões da entrada principal foram abertos e alguns veículos civis entraram no complexo. Os jovens detidos foram algemados e levados para os veículos policiais. Segundo a porta-voz do colectivo, Beatriz Xavier, foram detidos 17 jovens "e levados para as esquadras de Oeiras".

"É inaceitável que os governos não coloquem nas reuniões a crise climática no centro da mesa de discussão. A humanidade registou os meses mais quentes de sempre e vai ser mais intenso", disse a porta-voz, que acusa o Governo de "desprezar" os jovens. "Segundo o último relatório da ONU, estamos no limite. O ano 2023 é fulcral", acrescentou, garantindo que os protestos: "Vão ter de aumentar de escala porque os nossos governos não nos estão a ouvir."

Para sinalizar o oposto, o ministro do Ambiente e da Acção Climática deixou uma resposta aos estudantes nas redes sociais, em que afirmou que respeita "todos os jovens que se manifestam pelo clima e pelo seu futuro". "São fundamentais para o progresso sustentável de que todos precisamos", vincou.

Ainda assim, defendeu que o Governo tem dado resposta. "A política climática tem estado no centro da acção governativa e do Conselho de Ministros", assegurou, dando como exemplos a aprovação da revisão do plano nacional de energia e clima ou o facto de Portugal estar "a reduzir o consumo de gás em cerca de 20%".

Colectivos pedem resposta ao aumento dos juros

Já à hora do almoço, os activistas do movimento Casa para Viver e da plataforma Their Time to Pay protestaram contra a décima subida dos juros. Não é a única reivindicação que vão levar ao protesto de dia 30, mas sendo o aumento do crédito à habitação um problema que se tornou “transversal” e "sufocante" na sociedade, os activistas foram até Algés pressionar o Governo a "reagir". "É uma questão incomportável" que está a deixar as pessoas "com a corda na garganta", justificou Nuno Ramos de Almeida, do movimento Vida Justa.

"Quando os bancos foram à falência, nós pagámos. Agora que estão a fazer lucros monstruosos, não há uma redistribuição do aumento das taxas de juro. O Governo devia fazer isso do ponto de vista dos spreads e dos bancos e tem um banco público que devia negociar outro tipo de condições para enfileirar o mercado nessa direcção", diz ao PÚBLICO, considerando que as medidas tomadas pelo Governo, como o apoio ao crédito, são "insuficientes".

O diagnóstico é repetido pelos vários activistas, que classificam as soluções do PS, inclusive no pacote Mais Habitação, de "tímidas", "mais do mesmo" e "sem alcance". É o caso de Maria João Costa, da Habita, que, ao PÚBLICO, acusa o Governo de "pouco" ter feito desde 2015 e de, agora, nem medidas "de alcance imediato", como "proibir os despejos", tomar.

O protesto serviu ainda para os colectivos apelarem às pessoas para que "saiam à rua" no dia 30 para "mostrarem uma palavra de força", como disse Vasco Barata, da associação Chão das Lutas, aos jornalistas.

Depois da manifestação pela habitação em Abril, na qual Maria João diz que houve um "volume" que não se via "há mais de uma década", os organizadores esperam "uma grande adesão", até porque de lá para cá "a situação só piorou".

Mas a activista admite que o desafio não é fácil, visto que os "anúncios do Governo servem para apaziguar as pessoas". "Tem de haver um esforço para que as pessoas percebam que existe possibilidade de resolver e que não é com medidas do Governo que se vai lá chegar", diz.