De olho na “reunificação”, Pequim divulga plano para a “integração” económica de Taiwan na China

Governo chinês anuncia medidas para atrair investimento, estudantes e trabalhadores taiwaneses para a província de Fujian, ao mesmo tempo que realiza exercícios militares na região.

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A ilha taiwanesa de Kinmen está a poucos quilómetros de distância da cidade chinesa de Xiamen, na província de Fujian Reuters/ANN WANG
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O Comité Central do Partido Comunista (PCC) e o Governo chinês divulgaram na terça-feira um plano económico que dizem ter como objectivo “aprofundar o desenvolvimento integrado dos dois lados do estreito [de Taiwan] em todas as áreas e promover o processo de reunificação pacífica” da ilha com a China continental.

O plano é composto por 21 medidas destinadas a facilitar o fluxo e a integração de trabalhadores, estudantes, empresas e investimento de Taiwan na província chinesa de Fujian, a mais próxima do território autónomo que Pequim diz ser parte integrante da República Popular da China.

De acordo o Global Times – jornal do PCC em língua inglesa –, as medidas são “equivalentes” à “delineação de um plano de desenvolvimento futuro para a ilha de Taiwan”, posição que reforça a tese de que o objectivo da integração do território no espaço político da China se mantém no topo da lista de prioridades de Xi Jinping neste seu inédito terceiro mandato presidencial.

“O documento enfatiza que (…) resolver a questão de Taiwan e alcançar a reunificação completa da pátria é a missão histórica do PCC, a ambição comum de todos os filhos e filhas da nação chinesa e um requisito inevitável do grande rejuvenescimento da nação chinesa”, sublinha o Global Times.

Com mais de 20 milhões de habitantes, Taiwan é governada de forma autónoma desde 1949, depois de o político nacionalista chinês Chiang Kai-shek se ter instalado na ilha e estabelecido um Governo no exílio, na sequência da derrota contra as forças comunistas de Mao Tsetung na guerra civil chinesa.

O Presidente Xi e a liderança comunista chinesa têm insistido, publicamente e cada vez mais ênfase, que a China pretende a “reunificação pacífica” com Taiwan, mas que nunca irá “renunciar ao uso da força” para o conseguir.

O facto de o anúncio destas medidas acontecer ao mesmo tempo que a Marinha e a Força Aérea chinesas realizam exercícios militares nas imediações de Taiwan e na área alargada do mar Oriental da China e a poucos a poucos meses das eleições presidenciais taiwanesas, agendadas para Janeiro de 2024, é visto por muitos analistas como uma forma de dizer a Taiwan que só há dois cenários em cima da mesa: reunificação ou conflito.

Esta quarta-feira o Ministério da Defesa taiwanês denunciou a incursão de 28 aviões de guerra chineses no estreito de Taiwan e a passagem do porta-aviões chinês Shandong a cerca de 100 quilómetros do cabo Eluanbi, o ponto mais a sul da ilha.

“Como é que é suposto a população taiwanesa interpretar [este plano]? ‘Vão para o continente em busca de grandes oportunidades económicas, mas sobrevoem os navios de guerra com os quais cercamos a vossa ilha’?”, questiona Rorry Daniels, director do think tank norte-americano Asia Society Policy Institute, citado pelo jornal britânico Guardian.

Entre as medidas do plano apresentado pelo Governo chinês, destaca-se a eliminação da obrigatoriedade de registo de cidadãos taiwaneses para residência temporária em Fujian e a facilitação do processo administrativo e burocrático para a compra de casa, a inscrição nos estabelecimentos de ensino ou a adesão ao sistema de segurança social e de saúde daquela província costeira.

Pequim diz ainda que Fujian será uma “zona modelo” para a “integração” de Taiwan no modelo económico e social chinês quando a reunificação for alcançada.

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