De novo, o fogo

Tinham de o ir buscar, agarrá-lo, arrastá-lo, porque ele, para os outros, estava ali a enfrentar o universo, o Mal, a ignomínia. Na verdade, estava em pânico.

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A serra é como uma tempestade de terra, enormes ondas que se fixaram, que se solidificaram, que se fizeram pedra. De vez em quando, essas ondas paradas no tempo sonham que se movem como o mar, e ardem. As aldeias da serra são ilhas no meio do fogo e o fogo é um mar provisório, efémero, a manifestação violenta da memória do tempo em que as montanhas ainda não se tinham transformado em ondas de terra: na sua rigidez, para se sentirem vivas, as montanhas ondulam na sua superfície, ardendo.

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