Clérigo iraquiano atribui desastres naturais a “legalização do casamento homossexual”

Muqtada al Sadr disse também que “os primeiros países afectados pelos desastres naturais são os países que normalizaram ou vão normalizar relações com Israel”.

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“Ultimamente, os desastres naturais têm aumentado no mundo, isso deve-se a pecados” como “a legalização do casamento homossexual”, disse o clérigo EPA/STR

O influente clérigo xiita iraquiano Muqtada al Sadr disse esta terça-feira que o aumento dos desastres naturais no mundo "se deve aos pecados" como a "legalização do casamento homossexual", aludindo ao sismo em Marrocos e às cheias na Líbia.

“Ultimamente, os desastres naturais têm aumentado no mundo, isso deve-se a pecados” como “a legalização do casamento homossexual” e a sua “imposição às nações de forma suja”, disse o clérigo através da sua conta X (anteriormente Twitter).

Na publicação, Al Sadr afirmou que "os desastres naturais não se limitam aos países do Terceiro Mundo" e citou, por exemplo, os Estados Unidos, ao ser sinalizado como "primeiro país atingido pelas tormentas e incêndios", além da Grécia, ou a erupção do vulcão na Nova Zelândia.

"Foi dito que os desastres naturais atingiram zonas pobres e países do terceiro mundo que não têm papel activo na ratificação das leis da homossexualidade, mas a normalização e interacção de alguns governos ou povos com o conceito da comunidade LGBTQ influenciou o aumento dos desastres naturais nesses países", acrescentou. De acordo com o clérigo, os desastres naturais são um "castigo mundano" e equivalem a um "aviso" do "descoberto" e do "seguimento das ideias do Ocidente, da dispersão da obscenidade e da corrupção".

Assim, considerou que este "castigo terrestre" contra os "governos e povos muçulmanos e religiosos" se devia à sua inacção ante "das agressões ocidentais contra a fé", por permitir a homossexualidade ou a questão da queima das cópias do Corão em países como Suécia ou Dinamarca.

"Vemos que os primeiros países afectados pelos desastres naturais são os países que normalizaram ou vão normalizar as suas relações com Israel", disse Al Sadr em alusão a Marrocos, que normalizou laços com o Estado judeu em 2020 com a assinatura dos Acordos de Abraham, promovido pelos Estados Unidos, se bem que no passado mês de Julho Israel reconheceu a soberania marroquina sobre o Sahara Ocidental.

Em relação à Libia, o clérigo diz que o país tem “uma culpa imperdoável ao não revelar o paradeiro do líder da resistência árabe libanesa Musa al Sadr”, líder politico que fundou o movimento Amal no Líbano e viajou, em 1978, para a Líbia, onde desapareceu e gerou controvérsia devido à recusa das autoridades líbias em permitir a entrada de uma missão libanesa para esclarecer o seu desaparecimento.

O clérigo iraquiano, que anunciou a sua retirada da política em Agosto do ano passado, depois de os seus apoiantes terem assumido o Parlamento, encerrou a sua mensagem na rede social pedindo a “Deus segurança para os fiéis tanto no leste como no oeste do planeta”.

O tremor de terra de sexta-feira, cujo epicentro se registou na localidade de Ighil, 63 quilómetros a sudoeste da cidade de Marraquexe, foi sentido em Portugal e Espanha, tendo atingido uma magnitude de 7,0 na escala de Richter, segundo o Instituto Nacional de Geofísica de Marrocos - o Serviço Geológico dos Estados Unidos registou uma magnitude de 6,8.

Este sismo é o mais mortífero em Marrocos desde aquele que destruiu Agadir, na costa oeste do país, em 29 de Fevereiro de 1960, causando entre 12 mil e 15 mil mortos, um terço da população da cidade.

No domingo, a passagem do ciclone Daniel pela Líbia provocou a morte de mais de 2356 pessoas, encontrando-se mais de 10 mil desaparecidas.