Lisboa: reabilitação do Bairro da Quinta do Ferro deverá finalmente avançar
Recuperação do bairro do centro histórico de Lisboa, muito degradado, é discutida na autarquia há muitos anos. Carlos Moedas garante que é desta. Proposta vai esta quarta-feira a reunião camarária.
O executivo da Câmara Municipal de Lisboa (CML) leva nesta quarta-feira a reunião do município o projecto para a reabilitação do Bairro da Quinta do Ferro, um dos mais degradados da capital.
O Bairro da Quinta do Ferro fica no centro histórico de Lisboa, entre a Graça e Santa Apolónia, e é há muito tempo uma ilha de pobreza onde abundam casas sem condições mínimas de habitabilidade, algumas delas ocupadas ilegalmente. Outras têm janelas e portas emparedadas. O lixo espalha-se pelas ruas e o tráfico de droga é feito às claras.
Há muito que a reabilitação do Quinta do Ferro é discutida na CML. Já foram aprovados dois projectos, mas foram arquivados. Em 2021 foi aprovada a Área de Reabilitação Urbana da Quinta do Ferro. O processo entrou em discussão pública, mas, até hoje, nada avançou.
O executivo liderado por Carlos Moedas (PSD) avança agora com o “projecto de Operação de Reabilitação Urbana Sistemática correspondente à Área de Reabilitação Urbana da Quinta do Ferro”, que, caso seja aprovado, entrará num período de discussão pública e será remetido ao Instituto da Habitação e Reabilitação Urbana para emissão de parecer não vinculativo.
Segundo o projecto de executivo camarário, as acções a levar a cabo privilegiam “a resolução do problema habitacional dos moradores da Quinta do Ferro em situação precária; a criação de habitação a custo acessível para novos moradores” e a “concretização de uma área urbana infra-estruturada e com comércio de proximidade”.
Prevê ainda a “implementação de espaços públicos e verdes, melhorando o ambiente urbano e reduzindo os impactes das alterações climáticas; a redução da pegada de carbono, através da construção de edifícios com balanço quase neutro de energia; a criação de equipamentos públicos de âmbito social e cultural” e o “aumento da resiliência e segurança”.
“A discussão do Projecto de Operação de Reabilitação Urbana da Quinta do Ferro é um momento muito importante para a cidade. Depois de décadas de indefinição e de intervenções falhadas, a Câmara Municipal de Lisboa avança finalmente para uma resolução que vai dar aos habitantes da Quinta do Ferro uma oportunidade única de serem plenamente integrados na cidade. Este é um exemplo do que prometi na campanha – trabalhar nas zonas mais esquecidas e abandonadas de Lisboa”, afirmou o presidente da CML, Carlos Moedas, numa declaração enviada ao PÚBLICO.
Já a vereadora do Urbanismo da autarquia lisboeta, Joana Almeida, disse que esta resolução “só foi possível graças ao trabalho intenso do Urbanismo da CML em colaboração com os moradores da Quinta do Ferro”, com “especial destaque para a Associação Amigos da Quinta do Ferro”. “Reunimo-nos individualmente com os proprietários e trabalhámos em conjunto para garantir o consenso do modelo urbano que agora levamos a reunião da CML”, salientou.
“Este é um modelo urbano que permite criar habitação acessível, espaços verdes e promove a reabilitação urbana. Ajuda-nos a melhorar o espaço público e a abrir a Quinta do Ferro à cidade, dando incentivos para a reabilitação desta zona de Lisboa”, concluiu a vereadora.