Combustíveis travaram descida da inflação em Agosto

A descer desde Outubro do ano passado, a taxa de inflação homóloga em Portugal voltou a subir em Agosto, igualando a da média da zona euro. A explicação encontra-se nos preços dos combustíveis.

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Preços dos combustíveis voltaram a subir em Agosto Paulo Pimenta
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A retoma registada nos preços dos combustíveis durante as últimas semanas foi um dos principais contributos para que, em Agosto, a taxa de inflação homóloga em Portugal tenha voltado a subir, interrompendo uma tendência de recuo que durava já há nove meses.

O Instituto Nacional de Estatística (INE) confirmou esta terça-feira os dados globais relativos à inflação de Agosto que tinha apresentado na sua estimativa preliminar publicada há duas semanas. Os preços dos bens e serviços em Portugal subiram 0,3% em Agosto, fazendo subir a taxa de inflação homóloga (a variação dos preços face ao mesmo mês do ano passado) de 3,1% para 3,7%.

Os dados completos agora divulgados permitem compreender o que é que levou à interrupção da sequência de abrandamento dos preços em Portugal que se registava já desde Outubro do ano passado, um mês em que a inflação homóloga atingiu os 10,1%.

Um dos problemas foi que, em Agosto, ao contrário do que vinha acontecendo desde a segunda metade do ano passado, os preços dos combustíveis voltaram a registar uma trajectória ascendente acentuada.

De acordo com os dados do INE, o preço do gasóleo subiu 10,5% face ao valor registado em Julho, contribuindo só por si com mais de 0,2 pontos para a variação mensal total do IPC de 0,3%. Já na gasolina, a subida dos preços foi de 8,1%, com um contributo de um pouco mais de 0,1 pontos para a inflação mensal total.

Acrescentando a isto o facto de Agosto de 2022 ter sido um mês em que os preços dos combustíveis recuaram, criaram-se as condições para que se assistisse a uma retoma muito significativa da taxa de variação homóloga dos preços dos combustíveis. Se em Julho, este indicador ainda era claramente negativo, revelando uma descida de preços face ao mesmo mês do ano passado de 18%, em Agosto a variação homóloga negativa passou a ser de apenas 2,6%.

Segundo o INE, os preços dos combustíveis “contribuíram em 0,7 pontos percentuais para o aumento da variação homóloga do Índice de Preços no Consumidor”, que em Agosto foi de 0,6 pontos percentuais, de 3,1% para 3,7%.

Para além dos combustíveis, os preços que mais contribuíram para a aceleração da inflação em Agosto foram os dos hotéis ou alojamentos locais. Subiram 10,6% face a Julho e registaram uma subida da variação homóloga de 13,7% para 18,1%.

O INE confirmou ainda, nos dados definitivos da inflação de Agosto publicados esta terça-feira, que a taxa de inflação homóloga subjacente, que exclui os preços da energia e dos bens alimentares, desceu de 4,7% em Julho para 4,5% em Agosto, tendo a inflação nos bens energéticos passado de -14,9% para 6,5% (com a ajuda decisiva dos combustíveis) e a inflação nos bens alimentares diminuído de 6,8% para 6,4%.

A taxa de inflação harmonizada em Portugal (a que permite comparações com a dos outros países da UE) subiu de 4,3% em Julho para 5,3% em Agosto, exactamente o mesmo valor registado no total da zona euro. Esta quinta-feira, os responsáveis do Banco Central Europeu voltam a reunir-se para decidirem se fazem mais um aumento de taxas de juro numa tentativa de trazer mais rapidamente a inflação para o objectivo de 2%.

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