“Portugal vai conquistar o coração dos adeptos” no Mundial de râguebi
O antigo internacional inglês Jon Callard, que trabalhou com a selecção nacional na preparação para o Campeonato do Mundo afirma que é “um prazer ver a habilidade” dos jogadores portugueses
Foi internacional inglês - esteve no Mundial de 1995 na África do Sul -, fez parte da equipa técnica da Inglaterra no Campeonato do Mundo de 2007, tendo o papel de trabalhar de perto com a “lenda” Jonny Wilkinson e, neste Verão, auxiliou na preparação de Portugal para a sua segunda participação na mais importante competição de râguebi, repetindo a mesma função: reforçou a equipa técnica do seleccionador nacional Patríce Lagisquet, assumindo o papel de “especialista” de jogo ao pé. Jon Callard, em entrevista ao The Rugby Paper, a publicação especializada em râguebi mais vendida no Reino Unido, admitiu estar rendido à “habilidade” dos portugueses, deixando uma certeza: “Portugal vai conquistar o coração dos adeptos” no Mundial 2023.
Teve uma carreira de sucesso como defesa, sempre com camisola do Bath Rugby, um dos principais clubes ingleses – destacava-se pelo seu exímio jogo ao pé -, mas, desde 1998, Jon Callard passou a assumir funções técnicas. Começou como adjunto de Andy Robinson no Bath, em 2000 assumiu o comando do clube do Sudoeste da Inglaterra, dois anos depois foi escolhido para liderar os sub-21 ingleses, e, em 2007, fez parte da equipa técnica do “XV da rosa” que, em França, foi vice-campeão mundial, após perder a final no Stade de France contra a África do Sul.
Sendo uma referência no râguebi inglês e tendo trabalhado algumas semanas com Portugal na preparação para o Mundial 2023, Callard conversou com o The Rugby Paper, onde traçou à publicação o perfil de um dos adversários do País de Gales, uma das quatro selecções britânicas em França. E Jon Callard não foi comedido nos elogios aos “lobos”.
Após um mês no Centro de Alto Rendimento do Jamor a trabalhar com a selecção nacional, o consultor da World Rugby definiu Samuel Marques, o principal chutador português, como “um fenomenal atleta”, destacando ainda o terceira-linha Nicolas Martins, que Callard comparou a Olivier Magne, um dos melhores flanqueadores da história do râguebi francês.
O treinador inglês explicou ao The Rugby Paper que após várias semanas a trabalharem a tempo inteiro na preparação para o Mundial, os jogadores portugueses “ganharam visivelmente confiança”, acrescentando que “seria excelente” se os “lobos” pudessem “aplicar os seus pontos fortes” e “mostrassem ao mundo do râguebi o que fazem”. “Seria emocionante. Muitos jogadores ainda são amadores.”
Callard, que aponta como principal lacuna do râguebi português “a falta de exposição às equipas do primeiro nível”, o que resulta “em erros não forçados”, considera que Portugal tem “um ou dois jogadores” que podem jogar no principal campeonato inglês, e acredita que, pela forma como a equipa portuguesa joga, vai “conquistar os corações dos adeptos”: “Têm um estilo de ataque que lembra o estilo francês das décadas de 1980 e 90. Os portugueses são velocidade e movimento. É um prazer assistir à sua habilidade. Eles correm, correm, correm… Às vezes preferia que chutassem a bola, mas é preciso dar poder aos jogadores. Se eles querem continuar a correr, tens apenas de os deixar correr.”