A temporada do Teatro Viriato vai da estupidez humana à urgência climática

Director artístico, Henrique Amoedo, diz que programação de Setembro a Dezembro cruza espectáculos “disruptivos” com propostas mais acessíveis.

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As Leis Fundamentais da Estupidez Humana, encenação de João de Brito dá início à programação do Teatro Viriato ALíPIO PADILHA
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A peça que abre a temporada no Teatro Viriato, em Viseu, parte de um ensaio do historiador económico italiano Carlo M. Cipolla. Com encenação de João de Brito, As Leis Fundamentais da Estupidez Humana apresenta-se já neste sábado, dia 16 de Setembro. É o primeiro ponto de uma programação que é apresentada nesta terça-feira, em Viseu, e se estende até Dezembro.

É uma temporada que cruza propostas mais “disruptivas” com espectáculos mais “acessíveis”, descreve o director artístico do Viriato, Henrique Amoedo, que menciona, na primeira categoria, o espectáculo Concerto N.º 1 para Laura, com direcção artística e coreografia de Sílvia Real, no dia 29 de Setembro. Bantu, a mais recente criação do coreógrafo Vítor Hugo Pontes, passa por Viseu no dia 20 de Outubro.

Novembro começa com duas peças de teatro: primeiro com A Nossa Vida, de Mickaël de Oliveira (Colectivo 84), dia 4 de Novembro, depois com A Missão, com encenação do Teatro da Cidade, a partir de texto de Heiner Müller. A Amarelo Silvestre, companhia com sede em Canas de Senhorim, apresenta Fluxodrama, nos dias 23 e 25 de Novembro. Pelo meio há dança, com Bichos, que tem coreografia de Rui Lopes Graça para a Dançando com a Diferença. A apresentação está marcada para os dias 15 e 17 de Novembro.

No dia 7 de Dezembro há a estreia de Sophia, espectáculo construído com poemas e textos da poetisa portuguesa Sophia de Mello Breyner Andresen, com direcção de Joana Craveiro, do Teatro do Vestido. Uma semana antes, no dia 30 de Novembro, Carla Bolito apresenta uma peça de cariz autobiográfico: A Minha Cabeça.

O palco do Viriato também é feito de música. Cucina Povera, artista de origem luxemburguesa e finlandesa, apresenta-se no dia 7 de Outubro. Arnaldo Antunes (músico e poeta) junta-se a Vítor Araújo para um espectáculo de voz e piano. Chama-se Lágrimas no Mar e é no dia 31 de Outubro. Já no dia 18 de Novembro há concertos de Goela Hiante (Adolfo Luxúria Canibal e Marta Abreu) e de Solar Corona. No dia 9 de Dezembro, nova dose, agora com música de Manel Cruz.

Muitos destes pontos espelham as colaborações que o Viriato mantém com estruturas do tecido cultural de Viseu como a galeria Carmo 81, o Cineclube de Viseu ou a Associação Pausa Possível, que programa o festival Jardins Efémeros, interrompido este ano por falta de apoio da Direcção-Geral das Artes. Na programação há também oficinas, como a que se foca na urgência climática, com André Amálio e Tereza Havlíčková, ou sobre os sons do teatro, com Inês Luzio, ambas em Dezembro.

Há também um foco “muito grande” na mediação cultural, uma tentativa de chegar a novos públicos, diz Amoedo. É a forma que o Viriato tem de “refazer” o seu público, de “tentar ir buscar quem não estava”.

Entre o que chega aos olhos do público, mete-se o Mi Casa, Tu Casa, um espaço de residências artísticas que nasceu com a direcção de Henrique Amoedo. Parte de um princípio de liberdade para criar, retirando a pressão de “pagar” a residência com uma estreia. “Muitas vezes, nestes espaços, os artistas vêm e, no fim, têm de apresentar alguma coisa”, contextualiza. No limite, os artistas que ali ficam por uma ou duas semanas podem apenas ler, diz. “É tirar o pé do acelerador” contra os princípios de rapidez, de “chegar, criar, estrear e partir” que muitas vezes alimentam os circuitos culturais. Há um ponto de partida e a hipótese de trocar impressões com os profissionais de vários sectores do Viriato, numa lógica de “estar próximo”, diz. Esta é também uma forma de nutrir a relação do Viriato com uma variedade de artistas.

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