Chegou a hora de aprender mais sobre ESG

Aprender, debater e reflectir sobre esta sigla (ESG) é o mote para um ciclo de três talks pensadas para compreender melhor cada dimensão e qual o seu real impacto.

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A sustentabilidade está cada vez mais presente em todos os quadrantes da sociedade, incluindo no mundo empresarial que numa perspectiva tripartida a insere nas suas estratégias focando-se nos critérios ESG. O termo ESG refere-se a três critérios que as empresas e organizações consideram para avaliar seu desempenho e impacto nas áreas ambiental, social e de governança (do inglês ESG – Environmental, Social & Governance). Esses critérios são integrados na estratégica das empresas e são frequentemente usados para medir o compromisso de uma empresa com práticas sustentáveis e responsáveis, além de considerar o impacto mais amplo nos stakeholders e na sociedade como um todo.

Para melhor compreender de que forma as empresas estão a incorporar estes parâmetros na gestão e o seu impacto no dia-a-dia, o Público e a REN promovem os Encontros com Futuro, um ciclo de três talks , com início a 18 de Setembro, às 9h00, no Centro Cultural de Belém, em Lisboa. Apesar de uma abordagem holística, cada talk tem como tema central cada uma das dimensões ESG.

Em que se concretiza, afinal, o conceito ESG?

De que forma pode uma empresa, independentemente da sua área de negócio, assumir um papel activo na sustentabilidade? E do que trata, afinal, esta sustentabilidade empresarial? Os parâmetros definidos pelo ESG ajudam a implementar medidas e a determinar as estratégias de sustentabilidade no seu todo.

Empresas e investidores estão cada vez mais interessados nos critérios ESG, pois reconhecem que a adoção de práticas sustentáveis e responsáveis não apenas beneficia o meio ambiente e a sociedade, mas também pode ter impacto positivo nos resultados financeiros, a longo prazo, e na reputação da empresa.

O ESG em Portugal

O BCSD Portugal - Business Council for Sustainable Development realizou um estudo sobre o grau de maturidade em sustentabilidade das empresas em Portugal, tendo como base um inquérito de avaliação a 67 empresas sobre as práticas ESG implementadas. Os resultados indicam que as empresas nacionais reconhecem a importância de assumir compromissos de sustentabilidade (93%) e terem responsáveis pela área (73%). Mais de metade das empresas tem uma estratégia de sustentabilidade e desenvolve um relatório de sustentabilidade e 55% “já capacita os seus colaboradores para a sustentabilidade”.

Estará na hora de repensar o ’S’ do ESG?

Na primeira talk, é a dimensão social que estará em análise. A preocupação crescente das empresas em assegurar o bem-estar dos colaboradores e promover o bom ambiente de trabalho vão ao encontro do ’S’ do ESG. A diversidade, inclusão, respeito pelos direitos humanos nas equipas de trabalho e a criação de vantagens ou eventos que fomentem a integração e interacção da comunidade são exemplos de como as empresas estão a gerir este parâmetro.

A componente financeira será sempre o motor da avaliação de empresas e investimentos, mas o tema social é, por opinião unânime, aquele que maiores riscos apresenta em termos de destruição de valor. Tal pode ter que ver com uma conceptualização que dificulta a orientação das empresas na vertente do ’S’ do ESG, agravada pela dificuldade de encontrar formas de medir uma área que tem crescido muito nos últimos anos. Pode o pilar do propósito e o conceito de impacto ajudar as empresas a ultrapassar estas dificuldades no campo ’S’, que se transformaria no ’S’ de stakeholder? É com base neste mote, de repensar o ’S’ de social, que o 1º Encontro com Futuro irá acontecer.

Encontros com Futuro: três talks sobre ESG

A intervenção do orador principal da 1ª talk, Jonathan Neilan, da FTI Consulting, terá como base a premissa de repensar o ’S’ do ESG - a mesma ideia sobre a qual redigiu um ensaio sobre o estado da arte (da liderança empresarial), publicado no fórum da Faculdade de Direito da Universidade de Harvard sobre governança corporativa. Nos últimos 20 anos, tem trabalhado em estreita colaboração com as empresas nos desafios cada vez mais complexos apresentados pela regulamentação ESG e pelas mudanças nas expectativas das partes interessadas.

Sobre a importância do ESG, Jonathan Neilan evidencia a “crise ambiental e de biodiversidade que as empresas e a sociedade em geral precisam de enfrentar” no imediato. Especificamente sobre os desafios do ‘Social’, enumera alguns como “a gestão da saúde e do bem-estar da sua força de trabalho, a gestão do impacto social na cadeia de abastecimento” e ainda a importância de as empresas considerarem “os potenciais impactos da IA” no emprego. “O axioma de Milton Friedman de que ‘A responsabilidade social das empresas é aumentar os seus lucros’ já não se aplica, assegura.

Apesar do ênfase atribuído ao ESG nos últimos anos, o papel do ’S’ é o mais complexo de compreender nas estruturas das empresas e na integração nas decisões de investimento. Embora as empresas procurem ser cada vez mais objectivas na divulgação do seu impacto ambiental e padrões de governança, o mesmo não pode ser dito do desempenho social. Isto explica-se porque as boas práticas de gestão transcendem vários sectores e o impacto de uma organização no ambiente rege-se por critérios mensuráveis. Para Jonathan Neilan, é essencial pensar no ’S’ em termos do impacto das empresas em todos os actores envolvidos: "muitas empresas estão a envidar esforços acrescidos em prol da sua força de trabalho e da sociedade; no entanto, se considerarmos que o objectivo final é apenas impulsionar a rentabilidade, não conseguiremos garantir que tenhamos uma sociedade justa e sustentável”, acredita.

O evento contará também com o comentário de Nuno Moreira da Cruz, professor da Católica Lisbon School of Business & Economics, assim como uma mesa redonda coma presença de Luís Amado (ex-B Lab Europe), Luís Neves, CEO da Global Enabling Sustainability Initiative e Margarida Couto, do GRACE – Empresas Responsáveis, com moderação da comunicadora Fernanda Freitas.

A participação é gratuita e as inscrições para as três talks já estão disponíveis online.