China consegue pequena vitória em Agosto contra a deflação

Taxa de inflação chinesa regressou, em Agosto, para valores positivos, um resultado para o qual terão contribuído as medidas de estímulo adoptadas pelas autoridades

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Inflação na China voltou a terreno positivo EPA/WU HAO
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As autoridades chinesas conseguiram registar em Agosto uma pequena vitória contra a ameaça de deflação, com a subida da variação homóloga dos preços a voltar para terreno positivo, num mês em que foram anunciadas várias medidas de estímulo à concessão de crédito e à actividade económica.

Ao longo dos últimos meses, a maior economia asiática tem vindo, ao contrário do que acontece com a maioria das outras economias do planeta, a registar uma estagnação dos preços que, a par com sinais de abrandamento do consumo e do investimento, criam o receio de que a economia possa estar a cair na armadilha da deflação. Em Julho, a taxa de inflação homóloga na China caiu, após vários meses em níveis próximos de zero, para valores negativos. Os preços dos bens e serviços caíram em média 0,3% face a mesmo período do ano anterior.

Assustados com a possibilidade de um cenário de deflação no país – que poderia conduzir a vários anos de crescimento económico incipiente – os responsáveis políticos chineses têm vindo, nas últimas semanas, a anunciar diversas medidas de estímulo. E, esta segunda-feira, os dados da inflação relativos ao mês de Agosto, trouxeram alguns sinais positivos.

Depois da queda de 0,2% de Julho, a variação homóloga dos preços na China regressou, em Agosto, para um valor positivo, de 0,1%. Os preços dos alimentos são os que continuam a registar mais descidas, ao passo que os preços dos bens não alimentares aceleraram.

Os dados divulgados esta segunda-feira foram vistos pelos analistas como sinais de que as medidas tomadas pelas autoridades podem começar a produzir algum efeito. “Há uma pequena melhoria no cenário da inflação”, afirmou à agência Reuters um analista do banco de investimento Guotai Junan, que alerta ainda assim que os números “apontam ainda para uma procura fraca que exige novos apoios de política no futuro”.

Nas últimas semanas, tem-se assistido, quer da parte do banco central quer do governo, à adopção de medidas que tentam estimular o consumo das famílias e o investimento das empresas. É uma inversão das políticas de contenção adoptadas num passado recente que se deve ao receio de entrada em deflação da economia chinesa. No final de Agosto e início de Setembro, as autoridades procederam a um relaxamento das restrições impostas às compras de casa, o banco central tornou mais fáceis as regras de acesso ao crédito e os principais bancos baixaram as taxas de juro praticadas.

Persistem contudo ainda dúvidas se os passos tomados serão suficientes para evitar que a China caia na mesma armadilha em que caiu o Japão a partir dos anos 90 do século passado.

Os dados também divulgados esta segunda-feira dos preços na produção, embora também com uma ligeira melhoria, continuam a mostrar pressões deflacionistas significativas. A inflação homóloga registada nos bens à saída das fábricas em Agosto foi de -3%, ainda assim uma subida face aos -4,4% de Julho.

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