O MOTELX leva sete dias de terror ao Cinema São Jorge

A 17.ª edição do festival lisboeta conta com o cineasta Brandon Cronenberg, o produtor brasileiro Rodrigo Teixeira, o novo filme de Gabriel Abrantes e muito cinema (espera-se) de meter medo ao susto.

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Infinity Pool, um dos destaques da edição 2023 de MOTELX, incluído na retrospectiva dedicada a Brandon Cronenberg cortesia motelx
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A Semente do Mal, segunda longa-metragem de Gabriel Abrantes, com Carloto Cotta, Alba Baptista e Brigette Lindt-Paine nos papéis principais cortesia motelx
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Acide, de Just Philippot, encerra a 17.ª edição do MOTELX cortesia motelx
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Chegou a hora anual dos sustos com o arranque do 17.º MOTELX — Festival Internacional de Cinema de Terror de Lisboa. A partir desta terça-feira, e até ao próximo dia 18, as três salas do cinema São Jorge recebem aquele que continua a ser um dos festivais mais consistentes do panorama português (com uma média de 14 mil espectadores por ano ao longo da última década) — e que conseguiu em 2022 recuperar por inteiro o seu público pré-pandemia, com 15 mil espectadores registados.

Brandon Cronenberg, filho de David Cronenberg, pode ser o nome mais mediático desta 17.ª edição, com a exibição das suas três longas-metragens e uma conversa com o público (domingo, às 18h), mas está longe de ser o único convidado de peso. Em Lisboa estará também o produtor brasileiro Rodrigo Teixeira, cuja RT Features tem apoiado cineastas como James Gray, Greta Gerwig, Olivier Assayas ou Luca Guadagnino. Após a exibição de um dos filmes que produziu, The Witch, de Robert Eggers (sexta-feira, às 16h45), realizar-se-á uma masterclass com o produtor (18h30). O programa do festival inclui ainda mais duas produções brasileiras: Propriedade, de Daniel Bandeira, e Estranho Caminho, de Guto Parente.

A aposta continuada do MOTELX no cinema português manifesta-se, este ano, com a estreia europeia da segunda longa-metragem de Gabriel Abrantes (sábado, às 21h40), cujos filmes têm sempre inserido de um ou outro modo referências à ficção científica e ao fantástico. O sucessor de Diamantino chama-se A Semente do Mal, tem Carloto Cotta, Alba Baptista e Brigette Lindt-Paine nos papéis principais, e será um dos sete filmes na liça pelo prémio Méliès d’Argent para a melhor longa-metragem europeia de terror de 2023.

Na secção Quarto Perdido, apostada em redescobrir as tangentes ao género na história da cinematografia portuguesa, o destaque vai para programas de curtas-metragens organizados com o projecto de digitalização de arquivo FILMar, que incluiem A Invenção do Amor, de António Campos, e A Cama, de Sinde Filipe (quinta-feira, às 13h), bem como um “cineconcerto” que porá Surma a acompanhar em directo a projecção do filme mudo de 1923 Os Olhos da Alma, de Roger Lion (segunda-feira, às 19h).

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A Invenção do Amor, de António Campos, passa no programa de curtas-metragens organizado com o projecto de digitalização de arquivo FILMar cortesia motelx

O já habitual Prémio MOTELX para a melhor curta-metragem de terror portuguesa reúne 12 títulos a concurso; mas cinco outras terão estreia na mostra de curtas internacionais, a saber: Aplauso, de Guilherme Daniel; Era uma Vez no Apocalipse, de Tiago Pimentel (interpretada por Sérgio Godinho); Losers, de Edgar Pêra (videoclipe para a canção homónima de The Legendary Tigerman, com recurso a imagens criadas por inteligência artificial); Maelstrom, de Pedro M. Afonso; e A Maldição de Rabo de Peixe, de Duarte Henriques. Haverá ainda espaço para um filme rodado em Portugal, Lovely, Dark and Deep, da norte-americana Teresa Sutherland (uma das argumentistas da série de Mike Flanagan Midnight Mass), com fotografia de Rui Poças e o Parque Nacional da Peneda-Gerês a fazer as vezes dos parques nacionais americanos (sexta-feira, às 18h50).

Este ano, o MOTELX irá igualmente unir esforços com o festival de guionismo Guiões para atribuir um prémio ao melhor argumento de terror português de entre cinco candidatos pré-seleccionados: Maria não me Mates (Sofia Perpétua), Mar Agreste (André Marques), Dentes e Garras (Francisco Lacerda e Amarino França), Trauma (Tiago Matos) e Faz-te Um Homem (André Murraças).

A abertura e o encerramento desta 17.ª edição estarão a cargo do cinema francês, que se tem tornado um pequeno “viveiro” de cineastas de género. Ambos os títulos exploram os medos contemporâneos: o filme de abertura (exibição às 21h desta terça-feira) é Le Règne Animal, de Thomas Cailley (autor do bem interessante Os Combatentes), com Romain Duris e Adèle Exarchopoulos, em que um vírus transforma os seres humanos em animais; o encerramento (domingo, às 20h45) é com Acide, de Just Philippot, com Guillaume Canet e Laetitia Dosch a enfrentarem chuvas ácidas. Os dois estão já adquiridos para distribuição portuguesa.

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Le Règne Animal, de Thomas Cailley cortesia motelx

Ainda de França virão o mais recente delírio do transgressivo Bertrand Mandico, Conann, variação convenientemente subversiva do herói de Robert E. Howard, Les Meutes, de Kamal Lazrat; Vermines, de Sébastien Vanicek, e Vincent Doit Mourir, de Stéphan Castang.

Destaque também para a aposta no cinema de género asiático, com presenças da Tailândia (Home for Rent, de Sophon Sakdaphisit), da Indonésia (KKN di Desa Penari, de Awi Suryadi), da Índia (Kennedy, de Anurag Kashyap) e da Malásia (Tiger Stripes, de Amanda Neil Eu), para lá das já habituais comitivas de Hong Kong e da Coreia do Sul. E para um momento de terror francamente clássico, atenção à exibição (sábado, às 16h20), no 50.º aniversário da sua estreia, de O Exorcista, que estava já programada antes da morte, há poucas semanas, do realizador William Friedkin.

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