Teias de aranha que ajudam com a osteoporose? Esta ideia é finalista do concurso de jovens cientistas

Começou como um projecto para uma disciplina do secundário, mas já lhes valeu um prémio. Mário, Inês e Afonso descobriram que as teias podem regenerar tecidos ósseos e querem ver o produto no mercado.

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Teias de aranha ajudam a tratar a osteoporose DR
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Recorrer a teias de aranha para regenerar tecidos ósseos é uma ideia que ainda está numa fase inicial, mas que parece ter potencial. Pelo menos é o que acham os três estudantes que a desenvolveram, ainda durante o secundário. E é inovadora, motivo que os fez vencer, em Junho, o concurso Jovens Cientistas. Agora, vão representar Portugal em Bruxelas, na final europeia.

Mário Onofre, Inês Cerqueira e Afonso Nunes são os cérebros por detrás deste projecto, criado durante o 12.º ano na disciplina de Metodologias de Investigação e Projecto.

Mário, que adora aranhas e marketing, já conhecia as propriedades “resistentes” da teia que aqueles animais produzem e até já tinha traçado um plano comercial para tornar a ideia mais realista. Ter de fazer um projecto de investigação foi o pretexto de que precisava para avançar. Foi aí que Inês Cerqueira e Afonso Nunes se juntaram ao amigo para formar um grupo de trabalho.

Os três estudantes do Colégio Luso-Francês, no Porto, também sabiam que a teia de aranha é capaz de regenerar tecidos humanos e que, como tal, poderia ser testada em pessoas que sofrem de osteoporose. Segundo Inês Cerqueira, o mais difícil foi convencer a professora Rita Rocha, que desde logo questionou como é que os alunos iriam conseguir utilizar teia de aranha. No entanto, acabou por aceitar o tema.

“Queríamos colocar as aranhas num aquário para que produzissem a teia, mas percebemos que quando estão em situações de stress e juntas recorrem ao canibalismo. A alternativa é extrair a parte do ADN da aranha que lhe permite produzir o fio, inseri-lo numa bactéria marinha e colocá-lo noutro tecido para produzir a teia”, explica Inês Cerqueira, 17 anos.

A professora Rita Rocha e os alunos (da esquerda para a direita) Rita Rocha
O ADN da aranha é inserido numa bactéria marinha Rita Rocha
O projecto foi testado em laboratório durante um ano Rita Rocha
Teia de aranha Rita Rocha
O grupo venceu o concurso de Jovens Cientistas Rita Rocha
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A professora Rita Rocha e os alunos (da esquerda para a direita) Rita Rocha

Este processo foi desenvolvido ao longo de um ano lectivo e contou com o apoio do laboratório de investigação da Universidade do Minho 3B's Research Group, que trabalha nas áreas da biotecnologia, biologia e biomateriais. O produto final, destaca a estudante que entrou este ano em Medicina, “é uma espécie de mini-marshmallow” constituído por seda feita a partir da teia de aranha e um composto que promove a regeneração.

Este produto tem de primeiro ser testado em ratos de laboratório, mas, ao que tudo indica até agora, poderá ser utilizado em humanos de duas formas: colocando células estaminais no interior do tal marshmallow que vai depois regenerar os osteoclastos, isto é, as células que estão no interior do osso, ou injectar o produto em pessoas com baixa densidade óssea.

“É claro que isto depois tem de ser estudado por médicos especialistas da área, porque muitas vezes a osteoporose não está só relacionada com a baixa densidade óssea e existem outros problemas dentro do organismo”, reforça a jovem, acrescentando que, seguindo esta segunda alternativa, o produto poderá ter de ser complementado com suplementos.

Para os três amigos, os resultados da pesquisa revelaram-se surpreendentes, mas a investigação não ficou por aqui. Enquanto testavam a bactéria marinha, descobriram que se este organismo não tivesse oxigénio conseguia produzir hidrogénio verde.

A participação no concurso Jovens Cientistas, promovido pela Fundação da Juventude, valeu-lhes um prémio de 1250 euros e um convite para representarem Portugal no concurso europeu para jovens cientistas EUCYS —​ European Union Contest for Young Scientists, entre os dias 12 e 15 de Setembro.

“Se conseguíssemos o primeiro prémio era o ideal, mas vamos acima de tudo participar para conhecermos mais pessoas de outros países apaixonadas por ciência e, sobretudo, para apresentamos o nosso projecto a um público diferente e perceber se estamos à altura”, adianta. Conseguir patrocinadores e investimento para continuar o projecto é outra das metas.

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