Não é com propinas que se apanham moscas
Depois do silêncio no Conselho de Estado, António Costa sacou das trombetas para anunciar com pompa a nova política de propinas. Para uma ideia tão absurda, mais valia ter ficado calado.
“Se retratarmos Portugal como um grupo de dez jovens, cinco deles andaram no ensino superior. Contudo, se olharmos para dez jovens nascidos em famílias pobres e com pais pouco qualificados, (...) só um conseguiu lá chegar. (...) se der um saltinho a uma faculdade de Medicina, verá num mesmo universo de dez que sete tinham pais licenciados.” Esta frase é de um artigo publicado no site da Comunidade Cultura e Arte pelo Miguel Herdade e resume melhor do que eu conseguiria a grande desigualdade no acesso ao ensino superior. De facto, os números do Education at a Glance de 2018, da OCDE, mostram que um jovem com pelo menos um dos pais universitários tem quase o triplo da probabilidade de chegar ao ensino superior do que outro com pais menos educados. Um estudo da Fundação Belmiro de Azevedo sublinhou a importância da educação dos pais no acesso a cursos mais prestigiados dentro da mesma área, comparando, por exemplo, Medicina com Enfermagem.
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