Biden e Modi prometem reforçar laços entre EUA e Índia

Líderes dos dois países encontraram-se antes da cimeira do G20, onde as divisões sobre a guerra na Ucrânia estão a dificultar a aprovação de um comunicado conjunto.

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O Governo indiano vedou o acesso de jornalistas ao encontro entre os dois líderes EPA/PRESS INFORMATION BUREAU HANDOUT
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O reforço das relações comerciais entre os Estados Unidos e a Índia, anunciado em Junho durante uma visita do primeiro-ministro indiano a Washington, foi o principal tema de conversa de um encontro, nesta sexta-feira, entre Narendra Modi e o Presidente norte-americano, Joe Biden, horas antes do início de uma cimeira do G20 ensombrada por divisões sobre a invasão da Ucrânia.

A reunião entre Modi e Biden decorreu à porta fechada, com os jornalistas a serem impedidos de assistir aos momentos iniciais do encontro.

Pouco depois do final da reunião, os serviços do Governo indiano publicaram um vídeo no YouTube, sem áudio, onde se vêem os dois líderes a caminhar pelos corredores da residência oficial do primeiro-ministro indiano até chegarem à sala onde já se encontravam os membros das delegações dos dois países — incluindo, do lado norte-americano, a secretária do Tesouro, Janet Yellen.

Conhecido por não prestar declarações aos jornalistas, Modi foi convencido por Biden, em Junho, a participar numa conferência de imprensa conjunta, onde seria confrontado com acusações de violação dos direitos humanos na Índia e perseguição a opositores políticos.

Reforma da ONU

Segundo o comunicado da Casa Branca sobre o encontro desta sexta-feira, Modi e Biden conversaram essencialmente sobre promessas de investimento mútuo, centradas em áreas como o desenvolvimento tecnológico e das telecomunicações, com especial atenção nas áreas dos semicondutores e da exploração espacial.

Ao mesmo tempo, e ainda segundo o comunicado, a Administração Biden reafirmou o seu apoio à inclusão da Índia no grupo dos membros permanentes do Conselho de Segurança das Nações Unidas, no âmbito de uma "reforma" da organização.

"Os líderes sublinharam, mais uma vez, que é preciso reforçar e reformar o sistema multilateral para que possa reflectir melhor as realidades contemporâneas e é preciso manter o empenho numa reforma profunda de toda a agenda da ONU, mediante uma expansão das categorias dos membros permanentes e não-permanentes do Conselho de Segurança", lê-se no comunicado.

Apesar de uma referência ao compromisso para o reforço do Diálogo de Segurança Quadrilateral — o Quad, uma parceria dos Estados Unidos, Japão, Índia e Austrália para a segurança na região do Indo-Pacífico —, o texto da Casa Branca não faz qualquer referência directa à China; e a guerra da Ucrânia, que tem deixado países da Ásia, de África e da América do Sul receosos de tomarem uma posição inequívoca de condenação à invasão russa, também não teve qualquer espaço no comunicado.

Comunicado em risco

Nos últimos dias, as delegações dos países do G20 têm tentado acertar agulhas para que a cimeira termine no domingo com a emissão de uma declaração conjunta, como é habitual neste tipo de encontros. Desta vez, e depois de uma negociação muito difícil em 2022, que quase impossibilitou um comunicado conjunto após a reunião na Indonésia, o cenário mais provável é que os países não cheguem a acordo.

"Ainda há muito a fazer antes de termos nas mãos uma declaração conjunta", admitiu o conselheiro de Segurança Nacional dos EUA, Jake Sullivan, numa conferência de imprensa na base aérea norte-americana em Ramstein, na Alemanha, na quinta-feira.

A reunião de Novembro de 2022 ficou marcada por um encontro entre Biden e o Presidente chinês, Xi Jinping — algo que não poderá voltar a acontecer na Índia devido à ausência de Xi, que será representado pelo primeiro-ministro da China, Li Qiang. Da mesma forma, o Presidente da Rússia, Vladimir Putin, também não marcará presença na cimeira, sendo representado pelo ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Sergei Lavrov.

Depois da cimeira, no domingo, Biden irá visitar o Vietname, cujo Governo anunciou um reforço das relações diplomáticas com os EUA para o nível máximo, em igualdade de circunstâncias com a China, Rússia, Índia e Coreia do Sul. Será a sua primeira visita ao país, aos 80 anos, e meio século depois da sua primeira eleição como senador, em 1972, ainda durante a guerra no Vietname.

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