Manifestantes pelo clima interromperam a semifinal feminina do Open dos Estados Unidos, entre a norte-americana Coco Gauff e a checa Karolina Muchova, durante quase uma hora nesta quinta-feira.

Com Coco Gauff a ganhar um set e a segurar o serviço para abrir o segundo, surgiram distúrbios na parte superior das bancadas do Arthur Ashe Stadium, o maior recinto desportivo, com capacidade para mais de 23 mil pessoas.

Enquanto as jogadoras olhavam para as bancadas, mais de uma dezena de seguranças e agentes da polícia dirigiam-se à secção onde os manifestantes gritavam, vaiados por muitas pessoas na assistência.

Stacey Allaster, directora executiva da Associação de Ténis dos Estados Unidos (USTA), disse à ESPN que os distúrbios envolveram quatro manifestantes do clima. Fotografias do local mostram os manifestantes com camisolas com o slogan "End Fossil Fuels" ("fim aos combustíveis fosseis") e o logótipo do colectivo Extinction Rebellion.

"Um jogador ainda vai morrer"

"O clima já é mais perturbador do que qualquer activista pode ser", disse Miles Grant, porta-voz do grupo, citado em comunicado. "Basta olhar para o Open dos EUA e outros grandes eventos de ténis - ano após ano, as temperaturas médias têm vindo a aumentar, tornando-o mais quente e mais perigoso para os jogadores e espectadores. A dada altura, haverá menos eventos desportivos ao ar livre devido ao calor excessivo", alerta o activista.

Aliás, as perturbações aos grandes eventos desportivos devido a condições meteorológicas extremas já se fazem sentir. Esta semana, também no Open dos EUA, o tenista russo Daniil Medvedev queixou-se de que "um jogador ainda vai morrer" devido ao calor excessivo durante a partida contra o compatriota Andrei Rublev.

De acordo com o comunicado dos Extinction Rebellion, as temperaturas médias elevadas registadas durante o Open dos Estados Unidos e os três outros grandes torneios do Grand Slam têm vindo a tornar-se cada vez mais altas e perigosas nas últimas décadas, prejudicando atletas e espectadores. Em 2023, o Open da Austrália foi adiado dois dias devido a uma vaga de calor. No extremo oposto, os desportos de Inverno também têm cada vez mais sido afectados pela falta de neve naqueles que são os períodos habituais das competições.

"Não posso ficar chateada com isso"

As jogadoras foram escoltadas para fora da quadra por um funcionário da USTA e regressaram para um aquecimento 45 minutos mais tarde, antes de o jogo recomeçar.

Na conferência de imprensa depois do jogo, Coco Gauff - que venceu o jogo por 6-4 e 7-5 e chegou à sua primeira final do Open dos Estados Unidos - notou que o protesto "foi feito de uma forma pacífica".

Sobre as reivindicações dos activistas, a tenista sublinhou que "acredita nas alterações climáticas": "Acredito a 100% que há coisas que podemos fazer melhor", afirmou Gauff. "Preferia que não acontecesse no meu jogo? 100%. É o que é", brincou, acrescentando que não estava chateada com os manifestantes.

"Momentos como este são momentos que definem a história", afirmou ainda a tenista norte-americana. "Falo sempre em pregar aquilo em que se acredita... Se foi isso que eles sentiram que precisavam de fazer para que as suas vozes fossem ouvidas, não posso ficar chateada com isso."

Mais tarde, a USTA emitiu um comunicado confirmando que quatro pessoas foram detidas pela polícia de Nova Iorque. "Três dos quatro manifestantes foram escoltados para fora do estádio sem mais incidentes", afirmou o comunicado da USTA. "O quarto manifestante fixou os seus pés descalços no chão da bancada. Devido à natureza desta acção, foi necessário recorrer à polícia de Nova Iorque e a pessoal médico para retirar este indivíduo do estádio em segurança."

Este ano, vários torneios de ténis foram alvo de grupos climáticos. Os manifestantes do grupo Just Stop Oil interromperam os jogos em Wimbledon em Julho, lançando fita adesiva laranja misturada com peças de puzzle durante os jogos.