México vai ter uma mulher na Presidência pela primeira vez

As duas maiores coligações escolheram mulheres para as representarem em 2024: Claudia Sheinbaum, vista como a sucessora do actual Presidente, López Obrador, e Xóchitl Gálvez, do sector conservador.

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Xóchitl Gálvez e Claudia Sheinbaum: uma delas deverá ser a próxima Presidente do México Reuters/HENRY ROMERO
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Sete décadas depois da aprovação do voto feminino no México, o eleitorado do país prepara-se para eleger pela primeira vez uma mulher como Presidente da República. Depois de terminado o processo de selecção dos candidatos nas duas maiores forças políticas (a principal coligação conservadora, a Frente Ampla, e o partido progressista Morena, do actual Presidente, Andrés Manuel López Obrador), a próxima eleição, em Junho de 2024, vai ser disputada entre Claudia Sheinbaum e Xóchitl Gálvez.

Sheinbaum, de 61 anos, uma física de formação e ex-governadora da Cidade do México, parte como favorita nas sondagens à boleia da sua ligação a Obrador, um Presidente em fim de mandato que goza de uma elevada taxa de popularidade; Gálvez, de 60 anos, uma mulher de origens humildes, descendente do povo indígena Otomi por parte do pai, e que teve uma história de sucesso como estudante universitária e empresária antes de ter chegado à política, é a única candidata que pode aspirar a contrariar o favoritismo de Sheinbaum.

"Estamos a viver um sonho feminista", disse ao Washington Post uma activista dos direitos das mulheres na cidade de Querétaro, Maricruz Ocampo. "A eleição de 2024 vai mudar a forma como vemos o papel das mulheres na política."

Nos últimos anos, a política mexicana deu passos de gigante no sentido da paridade entre homens e mulheres nas principais instituições — actualmente, as mulheres representam 50% da Câmara dos Deputados (a câmara baixa do Congresso mexicano); o Supremo Tribunal do país é liderado por uma mulher; e a composição ministerial do Governo tem um mesmo número de homens e de mulheres.

É uma mudança notável num país onde as primeiras mulheres só tiveram direito a votar em 1953. Ao mesmo tempo, a sociedade mexicana permanece profundamente machista, e o número de femicídios continua a ser alarmante.

"Hoje podemos dizer: no final do próximo ano, o México será liderado por uma mulher. É uma mudança extraordinária no país", disse Jesús Silva-Herzog Márquez, cientista político no Instituto de Tecnologia de Monterrey, ao New York Times.

Além da questão da igualdade de género, em 2024 vão estar em jogo duas visões muito distintas sobre o futuro do México.

Claudia Sheinbaum, a candidata do Morena e da coligação de esquerda Juntos Fazemos História, "conta com o apoio de López Obrador, mas terá de construir a sua própria narrativa", diz o analista político Carlos Ramirez ao jornal Guardian. "Ela precisa dele, e ele é popular; mas terá de encontra um meio-termo."

Do outro lado, Xóchitl Gálvez "precisa de se apresentar como uma figura da sociedade civil, mas sem perder apoio nas estruturas partidárias" da coligação conservadora Frente Ampla. "Vai ser um exercício de equilibrismo muito delicado."

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