Paragem na Autoeuropa provoca cortes salariais de 5% a 33% no parque industrial
“A paragem de produção na Autoeuropa, de 11 de Setembro a 12 de Novembro, vai afectar bastante a maioria dos trabalhadores” das empresas fornecedoras, diz coordenação das comissões de trabalhadores.
A paragem de produção na Autoeuropa já provocou o despedimento de 200 trabalhadores temporários e cortes salariais, entre 5% e 33%, em quase todas as empresas do parque industrial, revelou hoje a Coordenadora das Comissões de Trabalhadores (CT).
Os trabalhadores da Faurecia vão receber o salário por inteiro durante a paragem de produção na fábrica de automóveis da Volkswagen em Palmela, mas as outras empresas do parque industrial vão aplicar cortes salariais de 5%, 10% e 33%, além do despedimento já confirmado de 100 trabalhadores temporários, que se juntam a outros 100 trabalhadores temporários despedidos pela Autoeuropa.
“A Faurecia, que fornece parte do tablier do T-Roc produzido na fábrica da Volkswagen, em Palmela, trabalha para outras empresas e não apenas para a Autoeuropa, pelo que foi possível evitar cortes no rendimento dos trabalhadores”, revelou hoje à agência Lusa Daniel Bernardino, da Coordenadora das Comissões de Trabalhadores (CT) do parque industrial da Autoeuropa, em Palmela, no distrito de Setúbal.
“A paragem de produção na Autoeuropa, de 11 de Setembro a 12 de Novembro, vai afectar bastante a maioria dos trabalhadores, que vão sofrer cortes salariais, consoante do 'modelo' de layoff aplicado em cada uma das 19 empresas do parque industrial da Autoeuropa”, acrescentou Daniel Bernardino, adiantando que a Coordenadora das CT já pediu audiências aos ministros do Trabalho e da Economia.
Em comunicado divulgado esta quinta-feira, a coordenadora das CT defende que “a protecção social devia garantir todos os empregos nesta situação” e diz esperar que a Autoridade para as Condições de trabalho (ACT) esteja atenta aos modelos de layoff aplicados em cada empresa.
A perda de rendimentos é uma preocupação para todos os trabalhadores do parque industrial, mas a situação é ainda mais complicada para os cerca de 400 trabalhadores da Vanpro, outra empresa fornecedora da fábrica de automóveis da Volkswagen.
Além da perda de rendimento que vão ter nas próximas nove semanas, os trabalhadores da Vanpro também souberam hoje que a empresa não irá fornecer componentes para o novo carro da Volkswagen, que será produzido na fábrica de Palmela a partir de 2026, o que os deixa numa situação de incerteza quanto ao seu futuro.
“A política de redução de custos da Volkswagen tem feito as suas vítimas, esta não é a primeira vez que fornecedores ficam sem projectos atribuídos, contraria até a carta social da Volkswagen”, acusam os Organismos Representativos dos Trabalhadores (ORT) do parque industrial da Autoeuropa.
Os representantes dos trabalhadores criticam ainda a atribuição de apoios públicos à fábrica da Volkswagen, que acusam de desenvolver uma “política agressiva e de concorrência desleal”, deixando em aberto a possibilidade de avançarem com formas de luta conjuntas.
A Direcção da Organização Regional de Setúbal (DORS) do PCP também considerou hoje, em comunicado, que “não é minimamente admissível” que a Volkswagen recorra ao layoff. O PCP diz ainda ter conhecimento de “despedimentos de trabalhadores nas empresas Benteler e KWD”, ambas do parque industrial da Autoeuropa, em Palmela.