Portugal está de volta ao terceiro maior evento desportivo mundial

Dezasseis anos depois, a selecção portuguesa volta a participar num Campeonato do Mundo de râguebi. Prova arranca esta noite no Stade de France, com uma “final antecipada”: França-Nova Zelândia.

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No regresso ao grande palco da modalidade ao fim de 16 anos, os “lobos” estão num dos grupos mais imprevisíveis Reuters/PEDRO NUNES
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Vão ser 51 dias de competição, 48 jogos disputados em dez cidades francesas e, 16 anos depois, aquele que é considerado o terceiro maior evento desportivo mundial – apenas superado pelos Jogos Olímpicos e Campeonato do Mundo masculino de futebol – voltará a ter Portugal no cartaz. A 10.ª edição de um Mundial de râguebi arranca nesta sexta-feira (20h, SPTV3), no Stade de France e, qualquer que seja o país a levantar a taça Webb Ellis, a 28 de Outubro, no ano em que a modalidade celebra o seu 200.º aniversário, a economia francesa já é a grande vencedora: são esperados no país 600 mil adeptos vindos do exterior, com um impacto económico previsto de 3,7 mil milhões de euros.

A maioria dos números deste Mundial 2023 ainda são uma previsão, mas, seguindo a regra que se cumpre de quatro em quatro anos na prova, em França será difícil encontrar cadeiras vazias. Se em 2019, no Japão, foram vendidos 1,718 milhões de bilhetes (taxa de ocupação dos estádios de 99%), desta vez, com palcos de maior dimensão, os organizadores franceses já anunciaram que estão vendidos para os 48 jogos “mais de 2,5 milhões de bilhetes”.

Num país onde o râguebi assiduamente supera o futebol em audiências televisivas, a fundamentada esperança de ver pela primeira vez a França a conquistar o título mundial tem despertado ainda mais o interesse gaulês pela prova - 76% franceses dizem planear seguir a competição -, mas estão previstos nos estádios 600 mil adeptos de outros países, com ingleses, irlandeses e australianos a surgirem no topo dos estrangeiros que vão viajar até às cidades francesas para apoiarem as suas selecções.

Olhando ainda para a última edição do Mundial no Japão, um relatório da Ernst and Young ajuda a explicar o porquê de a competição que agora começa ser o maior evento desportivo de 2023. Mesmo tendo sido organizado pela primeira vez fora de um país do top-10 e sendo afectado pela passagem do tufão Hagibis – três jogos tiveram de ser cancelados -, o torneio de 2019 resultou num impacto para a economia japonesa de 3,17 mil milhões de euros. Em rigor, foram criados 46 mil postos de trabalho e a audiência televisiva acumulada a nível mundial foi de 857,28 milhões de espectadores.

Agora, de regresso à Europa, a previsão da escala financeira do impacto do Mundial na economia francesa aponta para valores ainda mais impressionantes: 3,7 mil milhões de euros, com dois terços desse valor a resultar da venda de bilhetes, de patrocínios e dos direitos de transmissão.

Quem são os favoritos?

Economia à parte, dentro do campo a França também pode ser a grande vencedora. Com uma geração de ouro – os franceses venceram os três últimos Mundiais de Sub-20 -, o “XV de France” tem impressionado sob o comando de Fabien Galthie e, no relvado, será liderado por aquele que é considerado o melhor jogador da actualidade: o formação Antoine Dupont.

Contra si, os gauleses terão a pressão de jogarem em casa com o estatuto de favoritos e, como primeiro grande teste, arrancam com o que para muitos é uma “final antecipada”: um duelo com os "all blacks".

Os neozelandeses, que têm um registo 100% vitorioso em jogos da fase de grupos, chegam a França com uma derrota embaraçosa no último teste - 7-35 contra a África do Sul -, mas a história já mostrou que é quando têm o seu ego ferido, que os "all blacks" se tornam ainda mais temíveis para os rivais.

Com o estatuto de campeões do mundo, os sul-africanos, que têm como uma das suas grandes figuras o emblemático Siya Kolisi, voltarão a ser certamente os "springboks" habituais: fiáveis e com um jogo extremamente pragmático.

Finalmente, a fechar o lote dos favoritos, está a Irlanda. Mesmo tendo contra si um currículo pobre - nunca ultrapassaram os quartos-de-final -, os irlandeses têm impressionado nos últimos anos e, com a experiência de jogadores como Jonathan Sexton ou Conor Murray, têm atributos para conseguirem em França o momento de glória que as Irlandas - a selecção está representada pelas quatro províncias que compõem a ilha, incluindo a Irlanda do Norte – tanto ambicionam.

E Portugal? No regresso ao grande palco da modalidade ao fim de 16 anos, os “lobos” estão num dos grupos mais imprevisíveis – culpa do mau momento da Austrália e do País de Gales -, e são claramente a selecção menos cotada. Porém, sem o nível de amadorismo de 2007 – a maioria dos jogadores portugueses jogam nos campeonatos profissionais franceses -, a ambição de Portugal passará certamente por conseguir uma vitória.

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