Áudios entre árbitros e VAR “no ar” para ajudar a credibilizar futebol

Conselho de Arbitragem vai revelar uma selecção de áudios de intervenções de videoárbitros todos os meses.

Foto
Fábio Veríssimo ouve indicações do VAR LUSA/JOSÉ COELHO
Ouça este artigo
00:00
03:32

Exclusivo Gostaria de Ouvir? Assine já

O Conselho de Arbitragem (CA) da Federação Portuguesa de Futebol (FPF) tinha prometido a divulgação, num programa televisivo, de áudios das comunicações entre árbitros e videoárbitros (VAR). E, esta quinta-feira, foi dado o pontapé de saída numa espécie de big brother onde será, mensalmente, mostrado e exposto como os principais lances analisados na Cidade do Futebol são tratados e escrutinados, dentro do respectivo protocolo.

O primeiro programa incluiu apenas áudios de jogos referentes à Supertaça Cândido de Oliveira — entre Benfica e FC Porto — e às três primeiras jornadas da I Liga, com João Ferreira, antigo árbitro e actual responsável do CA, a dar algumas explicações suplementares sobre as leis de jogo e sua aplicação, para além do objectivo deste exercício, que será o de contribuir para a transparência e credibilidade do futebol e da arbitragem.

Idealmente, o programa deveria ir para o ar no final da jornada. Mas este é o primeiro passo, que surge com um timing estranho, pois está relativamente desfasado da actualidade, quando as polémicas da quarta jornada se sobrepõem às das anteriores.

Nota prévia: lances como o do primeiro golo de Paulinho no Casa Pia-Sporting (1-2), obtido em fora-de-jogo (9 centímetros), não é, segundo o protocolo, passível de comunicação entre árbitro e VAR, já que, após verificar a posição dos protagonistas, o VAR informa apenas se é golo ou não, sem discutir o lance.

De uma forma cronológica, o programa desta quinta-feira começou pelas incidência da Supertaça e pela intervenção de João Pinheiro (VAR) para alertar Luís Godinho (árbitro) de um potencial vermelho a Pepe:

“Godinho, aconselho a ver imagem de possível conduta violenta”, ouve-se. Já na zona de revisão, o árbitro confirma: “Conduta violenta, movimento deliberado de joelho nas costas do avançado, sem bola. Vou dar cartão vermelho ao Pepe por agressão”, verbalizou o árbitro, que poderia pedir mais imagens, de diferentes ângulos e velocidades, para dissipar dúvidas, apesar de, por norma, o VAR lhe fornecer a melhor imagem. Nesse mesmo jogo, foi ainda revisto o golo de Galeno, anulado numa segunda instância, por mão de Gonçalo Borges.

“É no limite, na parte inferior da axila. Domina, vira e faz golo. Ou seja: é mão, ponto final!”, exclama o árbitro, concordando com o VAR.

Seguiram-se outros casos, como a expulsão de Bruno Lourenço no Boavista-Benfica. Um cartão amarelo “curto” para a entrada ao tendão de Aquiles de Florentino que António Nobre só detectou depois de alertado por André Narciso.

“Deixa essa imagem, para ‘vender’!”, pediu Nobre, numa expressão que João Ferreira diz ser a forma de esclarecer quaisquer dúvidas num áudio onde se ouve o árbitro a pedir a Fary, do Boavista, para respeitar. Em todos os lances seleccionados pelos responsáveis, o VAR teve actuação pertinente, como no penálti e amarelo a Syla no Rio Ave-Desp. Chaves, onde se notou a preocupação de despistar o número da camisola do infractor, para não haver injustiça.

A mão na área, de Florentino, com o Estrela da Amadora, decisão de penálti revertido, entre outros lances em diferentes jogos, confirmaram a importância do VAR em decisões como o vermelho “sem espinhas” a Tomás Silva, no Vizela-Arouca, em “desarme” “muito feio”, como classificou Manuel Mota.

A terminar, uma decisão de André Narciso no Sporting-Famalicão, por bola na mão de Otávio Ataíde, em que o VAR interveio. Um lance de interpretação que o árbitro manteve depois de rever e debater com o VAR.

Este foi um primeiro episódio que a arbitragem acredita poder vir a contribuir para uma discussão franca e aberta, capaz de afastar muitas das suspeições que gravitam em torno do fenómeno.

Sugerir correcção
Ler 1 comentários